O nome dela está bem
ali, na barra lateral no blog, junto no nome das pessoas que compõem o meu
pequeno mundo. Mas ainda nunca falei dela.
É forte, dura, mais
dura com ela mesma. Cresceu num lar desestruturado, com violência e demorou
muito para acreditar no amor e na família.
Tem 28 anos e um
coração enorme.
Hoje, veio de propósito
ter comigo, fez 60km para me vir ver, preocupada com a espiral depressiva em
que estou a entrar.
Mal me viu, perguntou “Posso
te abraçar? Ou vais chorar?”. Optamos por um abraço curto, sem me dar hipótese de
inundar o café e dando-lhe a noção de como me abarcava na totalidade, do quão
magra me encontro.
Ela desabafou das suas
novas descobertas. Crê que é lésbica e encontrou o possível homem da sua vida.
Dilema. O amor certo no tempo errado. Sente-se preenchida com aquele sujeito
tão culto que a conquistou pelo cérebro mas… a dúvida. Ela sente-se atraída por
mulheres.
“Não serás bissexual?”.
Pergunto eu, parecendo-me óbvio.
Mas ela diz que não,
que sente ser lésbica, que sente uma estranheza neste sentimento pelo rapaz. E
tomou a decisão mais corajosa e dolorosa: afastou um amor para se dar tempo a
si, encontrar-se e decidir quem é.
Invejo-a. Queria eu
fazer o mesmo, cair em mim. Se eu sei que me perdi, que este amor de 2 anos me
destruiu, porque raio não me retiro, penso em mim e paro de me humilhar e
mendigar atenção?
Sempre soube o que era
amor próprio e auto-estima elevada até despedaçar o coração. Agora, não só não
sei onde meti esses ingredientes essenciais à vida como não sei quem sou.
Mas espero um dia vir a
ser como a Pipa. Ela também já perdeu um amor de 4 anos por se ter perdido. Mas
agora, 2 anos depois, com tempo e maturidade, ela já não tem um coração
magoado, está a partir para outra e agradece ao ex por tudo o que passaram e
encara-o como um anjo que lhe apareceu na vida. Quero chegar a esse patamar.
Obrigada por teres
vindo, obrigada pela compreensão, pela amizade e por me fazeres aceitar a
realidade das coisas.
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