domingo, 25 de março de 2018

Do estágio

Quando escolhi o meu actual estágio, confesso que o fiz por uma questão de proximidade geográfica e por achar que seria mais fácil. Depois até me culpei por estar a escolher uma área onde talvez não aprendesse muito ou não fizesse tanta diferença social. Mas agora...
Conheci a A., que nasceu rapaz num país de leste, numa zona rural; foi abusado toda a infancia pelo pai, até que conseguiu fugir para a cidade grande onde todas as pessoas que lhe ofereceram ajuda foram abusando dele de diversas formas até o meterem numa rede de trafico humano e prostituição. Lá conheceu um cliente que lhe pagou uma mudança de sexo sem condições nenhumas na Tailandia (ainda nem conseguimos perceber se de facto desejou esta mudança) e foi toda uma panóplia de abusos e agressões e crimes até chegar a nós.
Já li sobre coisas muito piores em países árabes! Mas ter a pessoa ali, à nossa frente, destruida, a contar-nos tudo... é devastador! Mantive-me profissional, segurando diversas vezes a emoção. E é incrivel e esmagador perceber a falta de respostas para ajudar um ser humano, maioritariamente por questões burocraticas. Não se entende!
Nunca tinha visto uma pessoa com a identidade completamente destruida; só diz que gostaria de ser uma planta, que é um mamifero, que não é gente, que não tem nem pode ter sentimentos. Que rumo levará um ser humano a não se ver como tal?
Estou completamente chocada mas com a certeza absoluta que afinal escolhi o local de estágio certo.

sábado, 17 de março de 2018

Da Turquia

Allo, gente bonita! Regressei finalmente no dia 19, com mais umas aventuras depois pelo caminho mas... já estou há quase 1 mes de volta ao trabalho.
Posso-vos dizer que a minha viagem à Turquia foi "só" a melhor viagem da minha vida!
Fui com uma amiga (e só Deus sabe que eu nunca viajo acompanhada e detesto) e com um guia para ambas. Estava muito reticente mas a verdade é que, só, não teria feito tantos quilometros. Percorri e conheci 30% por território turco, um país cuja área é o dobro da Alemanha.
O nosso guia era bastante porreiro, respondeu pacientemente a todas as minhas questões extra sobre emprego, religião, machismo, saídas a noite, migração, curdos e política.
Viajar acompanhada foi... esperava pior! Tivemos momentos de tensão mas soubemos resolve-los. Também eu comprei um tour... portanto, com ou sem a minha amiga, estar sozinha nunca seria opção; eramos as únicas portuguesas e tinhamos um guia só para nós; os restantes eram espanhois, mexicanos, argentinos, colombianos, etc, que dividiam um guia entre todos (eram uns 23, se não me engano). Eu que ia de férias para "desconectar" acabei a falar espanhol como sempre!
Ora bem, pareceres:
- a diferença da moeda é muito grande! A Turquia é um país super barato e dá para fazer uma "grande vida" lá com poucos euros.
- eu tinha o preconceito da religião e do machismo, que não se verificou de todo! Supostamente, o Estado é laico, ainda que o actual presidente deixe claro que não é bem assim... há tantas mulheres de véu na rua como sem. Não vi nenhuma falta de respeito para com as mulheres e notei até grande preocupação com colocar diversa informação em diferentes locais, esclarecendo que a mulher é igual ao homem e portanto só deverá usar véu se lhe parecer e nunca obrigada ou pressionada por outros. Os casais tinham demonstações de carinho normais, as crianças são profundamente educadas, ninguém grita ou cospe no chão. Saí à noite e vi turcas vestidas como as europeias, com tops, saias, tatuagens.
- Nunca vi homens mais cavalheiros! Não passam à frente de uma mulher para nada, seguram a porta, pagam a conta. Quero um turco para chamar de meu!
- Logo na primeira noite, pedimos para assistir a uma oração e aí sim, foi-nos pedido que escondessemos o cabelo mas, claro, convidaram-nos a entrar. E foi uma experiencia única! Muito bonita.
- O amor aos animais... eles são o futuro a seguir! Ao que parece no Corão há uma passagem que menciona os animais como servos de Deus, mas sem voz; aqui na Terra. Essa mesma passagem alerta que no dia do juizo final os animais falarão. E sabe-se que eles são puros e não mentem. Logo, se um animal acusar uma pessoa de maus tratos, essa pessoa perderá o acesso à vida eterna. Há então um grande respeito e cuidado. Há animais em todos os lados, sobretudo gatos, amados, cuidados e respeitados. Até nos edificios há casinhas em madeira para os passaros.
- Andar de balão quente... nunca mais! Que seca!
- Fui pedida em casamento por um comerciante do Grande Bazar... e o pior é que foi a sério. Para eles é normal "bater o olho" na moça e querê-la. Amor? Constroi-se! Educado como todos, mimoso e adorável, com 22 aninhos. E dizia-lhe eu, "Mas eu tenho 28 anos!". E replicava ele "Mas parece que tens 24!". Oh Deus...! E acabou por oferecer umas quantas coisas à minha amiga em troca do meu facebook. E lá me vai escrevendo de vez em quando.
- Ficamos presas no lado oriental de Istambul. Fomos andar de ferry e anoiteceu e não vimos os horários. Fomos ajudadas por 2 trabalhadores das docas que nos ofereceram entrar no seu gabinete, nos deram yogurte turco, segundo eles o melhor do mundo e nos colocaram à frente de um aquecedor, enchendo-nos de perguntas sobre a europa e o nosso estado civil
- Da Capadócia trouxe uma das memórias mais incriveis que terei até ao fim dos meus dias... um pretendente! Estava eu na sauna do hotel já a dormitar, quando entraram dois rapazes a falar num inconfundivel tom e vocabulario mexicanos. Falaram, falaram, um deles até sobre andar com várias mulheres... até que entrou na sauna uma senhora argentina de 60 anos, adoravel, com a qual tinha feito amizade e me fala em espanhol e eu respondo igualmente em espanhol. O que tinha estado a gabar-se de comer muitas gajas saiu disparado de vergonha. Ficou o outro, estupefacto, a olhar-me, "Então tu és espanhola, estavas a ouvir a nossa conversa e não dizias nada?". E eu "Não tenho nada que me meter! E sou portuguesa!". A partir daí desenrolou-se uma longa conversa, pois  este rapaz tinha estado em Portugal há 3 anos e é um apaixonado de Lisboa. Mais tarde, encontrei-os a jantar no hotel e convidei-os para ir até um bar na cidade, com musica ao vivo. O que tinha ficado a falar comigo pediu-me o numero, caso decidissem juntar-se a mim após o jantar. E assim foi... fui sair com a senhora argentina e com outra rapariga que tinha conhecido, colombiana e lá me ligou o mexicano a perguntar onde andavamos. Sentou-se à minha frente, falamos toooooda a noite, de literatura, de politica, de viagens. Depressa vi que era um homem muito culto. No dia seguinte separamo-nos. Eu continuei na Turquia, ele foi para o Egipto. A partir daí falamos dias inteiros, eu partilhei o que visitava com ele e vice-versa. Cheguei a tomar um café em Bergamo com vista para o Partenon, Grécia, graças à video chamada. É como se o conhecesse desde sempre! E... aquela noite foi a 31 de janeiro... e tanto tempo depois continuamos a falar todos os dias e a descobrir algo incrivel. Só ao meu emprego já chegaram 3 ramos de flores e um lenço Salvatore Ferragamo que, pesquisando, vi que custou 300€ (sim... ele vive bastante bem). Um dia de cada vez e vamos ver o que sai daqui. Mais que não seja uma memória incrivel do mexicano que se apaixonou numa sauna da Turquia! Agora falta decidir a data para ele vir cá e vermos o que sentimos ou não pessoalmente.

Mesquita Azul, Istambul

Palácio Topkapi, Istambul


Chá na Ponte Galata

Cruzeiro no Bósforo

Aquele momento em que chamaram uma voluntaria para fazer ceramica de formato suspeito e... calhou-me a mim! Uns dias depois num desfile de uma empresa de casacos de couro, quem acham que chamaram para desfilar? Pois...

O meu presente por ser uma talentosa ceramista das Caldas


As famosas casas de pedra da Capadócia

As danças Dervixes

O dinheiro mais mal gasto de sempre

 


As chamadas Chaminés de Fada

Igrejas Paleo Cristãs

Sultanhani

Konya

Já pesquisei sobre esta filosofia e é admiravel

Pamukkale


Éfeso

Casa da Virgem Maria. Diz o Vaticano!




Izmir

Eusculápio

Troia


Do outro lado, a Europa


Fiquei a saber que a Turquia teve um grande homem como fundador: Ataturk

Impossivel não se apaixonar por Istambul