segunda-feira, 16 de março de 2020

Do isolamento voluntário

Confesso que demorei muito para compreender as reais consequencias do Corona.
Mas após uma conversa com um amigo bombeiro, comecei a abrir a minha mente e a perceber o que aí vinha: escassez de bens e profissionais (veja-se a aflição com a história dos ventiladores), possivel aumento de IVA, seleção de quem tem ou não sequer acesso ao tratamento...
E claro, já se tornou óbvio, que os idosos poderão nem ter chance de ultrapassar este evento.
Viver em Lisboa também ajudou a que me "caisse a ficha". Os meus amigos do Alentejo estão até agora à toa, a fazer a vida normal, sem perceber muito bem o porquê de tanto alarido.
No meu caso, tudo começou na quarta-feira, dia 11, quando um dos meus locais de trabalho me avisou que estavamos todos proibidos dir ao escritório até ao fim do mês (pelo menos).
Na altura, esta medida pareceu-se descabida, alarmista e eu mantinha a minha postura egoista de "tanta coisa por causa de uma gripe?!?".
Seguiram-se dias e dias em frente aos canais de noticias, a ler, ouvir, procurar mais informação.
Continuo sem grandes preocupações sobre mim mesma. Mas agora já tenho consciencia da minha co-responsabilidade para com a sociedade, para com os mais velhos ou debilitados.
Desde quarta-feira sai 2x para ir ao supermercado e não, não fui barricar comida. Somos 3 nesta casa, cada um com uma gaveta de congelador. Logo aí...
A única coisa em que investi dinheiro e comprei em maior quantidade (mas online), foram os bens para os meus gatos; 20kg de comida, desparazitantes, malte, areia...
De resto, é ir comprando...
O meu segundo local de trabalho avisou-me ontem que também preferem que não vá. E nisto tudo tenho a enorme sorte de que ambos locais me deram a possibilidade de teletrabalho e me pagarão na íntegra.
Irrita-me aquela critica "Vais trabalhar? Que irresponsavel! Manda o teu patrão levar no ** !". Epah vamos lá ver: isso é tudo muito bonito mas... até a comida que andam a meter no bunker tem de se pagar com algo, não é?!? Nem todos temos a mesma sorte ou ímpeto rebelde. Há pessoas sem familiares a quem pedir dinheiro emprestado. Ir trabalhar quando o patrão assim obriga não é capricho...
Portanto, coragem a quem vai trabalhar hoje e nos seguintes dias! Força e protejam-se dentro do possivel.
Eu divido casa com outras 2 pessoas que além direm trabalhar, pertencem aquele grupo "muito inteligente" que andou a curtir uns copos no Cais Sodré... Imaginem o meu stress, não é? Estou eu em isolamento há 5 dias para no fim viver com malta que me pode infectar dentro da minha casa... sinceramente, não sei que faça quanto a isso. Imagino que nada e fé em Deus!


1 comentário:

  1. Eu quando entendi que isto era mortal e passava facilmente levei a sério mas sem casos cá uma pessoa andava bem descontraída. Quando chegou cá comecei a preocupar-me e depois a quantidade de informação que começámos a ser bombardeados foi demais. Mas o meu chefe era como tu, não entendia o alarido mas não sei como alguém em Março ainda não tinha entendido a dimensão do problema.
    Mas agora só resta aguentar e fazer o que podemos, no meu caso ficar sossegada em casa.

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