Tenho duas amigas em situações muito sensiveis, onde se sentem frustradas, longe da realização pessoal por causa das mães.
Uma, apenas tem um extremo receio de deixar a mãe, viúva, sozinha. Têm muito amor uma pela outra e ela prefere ficar numa cidade que já nada tem para lhe dar, num emprego precário, aos 34 anos do que deixar a sua "amiga". Acho nobre mas irracional.
Já dizia Saramago, que os filhos são um empréstimo da vida. Todos crescemos e é suposto ganharmos asas. Nunca vou entender este tipo de dependencia.
Mas certo é que por mais que ela se vá queixando de não conseguir ir mais longe, fá-lo altruistamente; a mãe nunca lho pediu nem a travou propositamente.
Já o segundo caso é mais grave. A minha outra amiga tem uma mãe chantagista, tóxica, má. Diz-lhe que se mata se la sair de casa. Resultado: vive numa cidade sem vida, recusa todas as oportunidades na área para a qual estudou e convenceu o namorado a viver com ambas, uma vez que ela não pode casar / juntar-se e partir como seria expectavel. Para sua sorte ou azar, o rapaz é bondoso, ama-a, e aceitou.
E a mim, resta-me vê-la chorar, ter crises de ansiedade devido a esta chantagem diária mas ser incapaz de fazer o que seja porque... "É minha mãe".
Não, o sangue não é desculpa para tudo. Se o filho deve sempre entender e aceitar o pai, este também deve SEMPRE entender e aceitar o filho, não?
Que situações tão tristes.
ResponderEliminarNinguém merece tal castigo.
Mãe é mãe.
Mas, como disse chega um dia e temos de voar.
O segundo caso é mesmo doentio.
Mães assim ninguém as merece.
Um abracinho para elas.
E tentem se libertar.
Existo um mundo tão belo.
Para apreciarem.
Com novos viveres.
Sem medos.🌼
Megy Maia
Tenho uma visão diferente da tua e acho que isso se deve à forma como fomos educadas e como vemos a família. Na minha família existe o conceito de "os mais novos cuidam dos mais velhos". Vi as minhas avós cuidarem dos meus bisavós quando estes precisaram, vejo os meus pais a cuidarem dos meus avós quando estes começam a precisar, e eu sei que um dia no futuro será a minha vez de cuidar dos meus pais. Por isso consigo compreender a tua primeira amiga, não é dependência, é uma sentido de família diferente, de cuidado. Se os meus pais agora precisassem que eu fosse para junto deles para cuidar deles, a hipótese de largar tudo aqui e ir para ao pé deles seria fortemente posta em cima da mesa.
ResponderEliminarContudo também conheço uma família onde os da minha geração dizem à boca cheia que os pais é que têm de tomar conta deles e não eles dos pais (que às vezes bem já precisam da ajuda dos filhos para coisas simples). E os filhos destes pais da minha geração crescem a ouvir isto. Estou convencida que quando estes pais forem mais velhos, estas crianças de agora não vão querer saber deles e aí perceberão que estão a colher o que semearam durante anos.
Já o segundo caso que relatas é de facto mais grave e também incompreensível para mim.
O segundo caso passa claramente por uma pessoa que foi mãe por motivos egocentricos e não faz ideia do que é o amor. Pessoas manipuladoras são assustadoras. Umas quantas vezes encontrei a minha amiga a chorar de pressão, à porta do prédio. Imagina que a leva ao extremo e um dia se torna daquelas pessoa que se mata? Esta gente não tem noção do estrago que pode fazer nos filhos.
EliminarO primeiro caso... eu entendo-te. Acho nobre, acho que tens razão... ainda que eu fosse incapaz de o fazer. Eu não largaria a minha vida noutro país por isso e menos se tivesse marido e filhos. Pois para cuidar de uns descuras outros. Esta questão é muito estudada em Serviço Social, pois é um pau de 2 bicos: antigamente as mulheres sacrificam-se e ficavam em casa a cuidar dos idosos da familia (pais, sogros, tios...). Hoje em dia isso é impensavel. E repara que nenhum homem fica em casa a cuidar os pais, continua a ser a mulher. Hoje em dia, já temos mais direitos, mais fome de direitos. E o dinheiro já não rende tanto... numa familia são precisos os 2 salários sim! Mais se viveres em cidades grandes, como Lisboa, onde um infantario pode custar 300€ mês. Portanto a resposta social adequada seria a existente no norte da Europa, apostar em lares dignos (o que em Portugal é mito, eu sei...). Mas que nos anulemos pelos nossos pais não pode também ser opção. E os nossos filhos?
Mas no caso da minha amiga, a mãe dela está em meia idade, com saúde, trabalha, é activa, viuva já há 10 anos... não há motivo para a minha amiga estar a desaproveitar-se num sitio pequeno, sem emprego, sem futuro.
PS: outra coisa MUITO importante: a idade em que és pai. Antigamente aos 50 começavas a cuidar dos teus pais que teriam 70... Hoje em dia um pai de 70 tem filhos de 20 e 30 anos... na minha familia, já todas as mulheres foram mães entre os 35 e os 40 (falo das minhas tias). A última geração (a minha) ainda nem ninguém se chegou à frente e já tenho 31 e por aí vai...
EliminarConfesso que não sei se seria capaz de partir e deixar a minha mãe. Sou muito ligada a ela. Juntei - me com o meu namorado quando a minha avó ainda era viva e elas tinham a companhia uma da outra, mas se fosse para a deixar sozinha custar-me-ia muito mais. Compreendo o que dizes. Mas também compreendo a tua primeira amiga
ResponderEliminar