terça-feira, 1 de setembro de 2020

O que fazes para ter tanta "sorte"?

 Tomo decisões.

Como boa adulta de 31 anos, criada e julgada numa sociedade católica, capitalista e materialista, dou por mim a ter as minhas crises de "É SUPOSTO".
É suposto ter casa, é suposto ter carro, é suposto estar efetiva, é suposto estudar e trabalhar na área e ser "sôtoura".
Esse discurso de "a felicidade é que importa" é só hippie e coisa de irresponsaveis.
Síndrome de Peter Pan, chamam-lhe uns.
Pois eu, desde Janeiro que não me sinto feliz num dos meus empregos na área. Mas como é na área e comecei a trabalhar lá em Novembro, sentia-me culpada, ingrata, mimada, hippie.
Mais ainda por ter sido o meu local de estágio e ter tido a "sorte", a "raridade" de ter sido posteriormente contratada. 
Sinto que a minha geração carrega consigo esta noção de "obrigação de ser grato" quando consegue algo minimo mas expectavel e considerado importante e fulcral socialmente ou no seio parental.
Os meses passaram-se e veio o Covid. Com ele o stress, o distanciamento, o tele-trabalho. Deixei de ser acompanhada, entre colegas não nos falamos a não ser para reclamar, exigir, falar torto. 
Chamem-me idealista mas realmente acredito que é possivel trabalharmos todos numa comunicação positiva e existir respeito no local de trabalho. Quando tal não acontece, sinto-me deslocada.
Cada vez comunicamos pior, não nos entendemos, existem conversas paralelas. 
Chegamos ao ponto de inventar trabalho! Para ir do ponto A ao ponto B, é preciso 3 semanas, 9 reuniões e escrever 4 procedimentos e 8 protocolos. Uma complicação sem igual, não sei se fruto de depressões covidiárias, e assim perdemos tempo quando há gente a passar fome.
Já me expressei, já expliquei o meu desconforto e além de nada mudar, penso que não fui sequer compreendida. 
Chegado a este ponto e porque dinheiro não é tudo, restou-me sentir desinteresse, ansiedade e apatia pela minha função. Este trabalho por si só tem-me feito pensar se afinal quero ser Assistente Social. Logo... para quê forçar? Ando há 9 meses a pensar que é só uma fase, que a chefe está numa fase, que eu estou numa fase... mas não. 
Decidi dentro de mim cumprir o contrato e sair. Em 2 meses quero sair. Tendo ou não outra coisa em vista. E sabem que mais? Dentro de mim veio a paz. A serenidade. O que diz muito sobre se tomei ou não a decisao certa.

No meu outro trabalho onde tenho estado mais por curriculo e status que outra coisa (sou directora técnica recém licenciada... qual a probabilidade?), comecei também a questionar-me. Sentia que não podia desperdiçar tal sorte. Mas é uma associação pequena, cheia de dividas, com pouquissimos utentes. Num mês bom, atendo 2 pessoas em todo o mês. Pagam-me para escrever no blog e consultar o meu insta... todos gostamos de dinheiro grátis, não é? Mas... emburrecer é a palavra! Estou-me a cumprir? A crescer? E depois de vários meses de indecisão eis que hoje o marido da Presidente, um velho caquético de 70 anos no minimo, se fez a mim. E que nojo! 
Só pode ser um sinal do destino.

Meta 2021: novo trabalho como Assistente Social e largar ciclos. Porque experiencias que nos ensinam onde não ficar também são muito válidas.

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