Domingo à tarde, tudo calmo, lá estava eu no meu local de trabalho.
Entra uma cinquentona loira, super tia. “Ah… Olá! A P. e a I. não estão? Vinha dar-lhes um beijinho, mas dou a si! Venha cá! Sou a Pity”.
Lá me espetou 2 beijos repenicados e começa-me a falar da vida toda, enquanto o meu cérebro morria aos pedacinhos.
De repente, lança a pérola “Olha, tens aí net? É que amanhã vou a Lisboa fazer um implante de pestanas e preciso imprimir um voucher”.
Eu, a tentar controlar a minha cara de nojo para pessoas fúteis, “Sim, está aqui o computador. Esteja à vontade”.
A mulher agarra-se ao computador, parecia que estava colada. Mas, míupe que era, não acertava com o teclado, fechava as janelas que queria abrir e ainda me dizia muito espantada “Mas porque é que isto está só a desaparecer?”. E eu lá lhe dizia, tentando controlar o mau-humor, “Desaparece porque a senhora está sempre a baralhar-se e a fechar as janelas”. Ao que ela ripostava “Não é senhora, é Pity!”.
Aí começou o meu pesadelo: começa-me a mulher a dizer que já trabalhou no sítio em que estou e que talvez regresse e sejamos colegas. Perante esta afirmação, ponderei o suicídio… mas aguentei-me.
Depois de 20min de busca e impressão do raio dos vouchers das pestanas, ela lá largou o computador.
Decide então convidar-me para tomar café. Eu alertei-a sobre o facto ÓBVIO de que não podia simplesmente sair do meu local de trabalho a meio da jornada, não é? Ao que ela, directa e perspicaz, me diz “Ah isto é muito parado! De certeza que não aparece ninguém. Anda lá!”.
Perante a minha incessante recusa, ela brinda-me com “Bem… então vou ficar aqui à conversa mais um pouco”.
Aqui liguei o meu alarme interior! Não aguentava nem mais 3 segundos de conversa fútil, sobretudo com quem nunca vi na vida.
Inteligentemente, pego numa folha cheia de coisas escritas. Ela, observadora (cusca), pergunta o que é. Digo que tenho trabalho para fazer. Ela, desapontada, diz “Ah… se não tivesse coisas para fazer ficava aqui a falar consigo…”. Olhou-me na esperança de que eu quisesse falar mais sobre o seu guarda-roupa. Silencio da minha parte…
“Bem… então sendo assim vou andando…”.
E saiu, tagarelando algo mais enquanto eu sorria de alívio.
Sim, eu sei que devem estar a pensar “A senhora foi tão querida, queria tomar um cafezinho contigo e tudo, e falou como se fosse tua amiga de infância”.
Ora aí está o problema! ODEIO que falem para mim com a confiança de anos. Incomoda-me. E detesto ainda mais gente efusiva. Inquieta-me o espírito. Fútil ainda por cima? Não aguento!!
Percebo-te e concordo! No meu caso, que não sou muito dada a conversas com desconhecidos até é bom que a outra pessoa seja um bocadinho mais solta, mas também há limites! E tratarem-me como se me conhecessem desde sempre quando acabaram de me ver é coisa p'ra me irritar bastante!
ResponderEliminarA linha que separa a simpatia do abuso pode ser muito ténue...
ResponderEliminarS*: grande verdade!
ResponderEliminarIsso chega a ser assustador! Não gosto de pessoas abusadoras. Bah, ser simpática e ter um certo à vontade com a pessoa é diferente de abusar e ser irritante! Beijinhos**
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