Gosto daquelas pessoas que depois dos 40 ou 50 anos ou até mais tarde, sentem necessidade de estudar. É o caso do V., que na sua juventude ainda frequentou o ensino superior mas depois decidiu fecundar uma jovem e casar. Actualmente, aos 45 anos, já tirou uma Licenciatura e está agora no Mestrado.
Fomos da mesma turma. Nunca lhe dei muitas confianças porque circulava a informação que ele seria um “cãozinho” de primeira com moças jovens.
Um dia, por circunstâncias da vida, jantamos juntos e a sós.
Por qualquer motivo que escapa ao meu entendimento, ele sentiu-se à vontade para me confidenciar que fazia Swing (troca de casais).
Achei o máximo! Um quarentão assim tão moderno? Que interessante.
Nessa noite, o V. levou-me a conhecer a sua casa. Mesmo não o conhecendo há muito tempo, fui.
O V. pratica yoga, meditação, é divorciado e tem 2 filhos.
Algures no meio da conversa, convidou-me para ter sexo com ele.
Fiquei em choque! Recusei e dirigi-me para a porta. Estava trancada. Passaram-me centenas de possibilidades pela cabeça e acreditei que seria violada.
A minha cara de pânico deve ter sido notória porque o V. começou a rir e disse, calmamente “Vivemos numa democracia. Estou no meu direito de te fazer esta proposta. Claro que também estás no teu direito de a recusar. Espero que não me vejas com maus olhos e que não te afastes de mim. Eu tranco a porta de casa por hábito.”.
Lá me mostrou as chaves, abriu a porta, levou-me a casa e conversamos pelo caminho. Expliquei-lhe que acho muito interessante a forma como ele leva a vida mas que não pretendo adoptar tal metodologia. Não me vejo a praticar Swing. Ele aceitou.
Como homem educado que é, manteve a sua palavra de nunca mais tocar em tal assunto.
Eu não me afastei dele, muito pelo contrário. O V. fascina-me.
Construímos uma bela amizade.
Claro que na Universidade houve quem pensasse que tínhamos um caso, mas quero lá saber. Sabe muito bem ter um amigo de 45 anos a quem pedir conselhos. Ele diz o mesmo, acha que a geração dele é conservadora e o vê como um bicho raro. Por isso, prefere a juventude.
Passados 2 anos de amizade e perante a minha saída da Universidade, hoje o V. vem á minha cidade visitar-me. Vem de propósito ver-me, conversar e jantar comigo.
Palpita-me que terei uma bela noite, repleta de conversas inteligentes. E claro, preciso de aconselhamento amoroso de alguém que tem apenas menos um ano que o meu progenitor.