terça-feira, 23 de outubro de 2012

Do Prós e Contras de ontem


Considerando-o um dos melhores programas da televisão portuguesa, foi com agrado que ontem assisti a um debate intitulado “Amor em Tempo de Crise”. O programa tomou por base os 150 anos do livro “Amor de Perdição” de Camilo Castelo Branco e seguiu para uma discussão sobre o papel da literatura na sociedade, o incentivo à mesma nas escolas e a importância no pensamento dos jovens.
Uma moça, de seu nome Maria João Pica, lançou uma questão pertinente: se perdemos o contacto com a literatura clássica, a culpa é do ensino. Eu própria, dou-vos o meu exemplo, fui “vitima” dessa desvinculação: antigamente os alunos liam o Camilo Castelo Branco, o Vergílio Ferreira, eram obrigados a tomar contacto com as suas palavras. Na minha geração (tenho 23 anos), tudo isso se perdeu. Estes nomes de antigamente já não faziam nem fazem parte do Português leccionado nas escolas. Agora lê-se Saramago. Prémio Nobel, é certo, mas actual.
A mesma moça afirmou ainda que acha que o aluno deve ser valorizado e avaliado consoante a sua identidade, dando espaço às suas ideias e cérebro. Ou seja, quem ama a literatura, deveria poder ter alguma disciplina, algum exame sobre essa área, que posteriormente lhe servisse de mais-valia, tanto a nível de valores numéricos como de preferência em certas candidaturas e programas. Concordo plenamente! Seria uma medida de incentivo e de valorização aos amantes da nossa cultura.
Claro que também não podemos só lançar culpas ao ensino. Cabe-nos a nós ser curiosos e ambicionar o desenvolvimento pessoal. Portanto, admito, SHAME ON ME, nunca li Camilo Castelo Branco nem Vergílio Ferreira. Prometo fazê-lo em breve.
Aliás, infelizmente e nem sei bem o porquê, tenho tendência a optar por literatura internacional. Pouco leio dos nossos conterrâneos. Tenho de fazer umas compras, adquirir um Lobo Antunes, um Cardoso Pires, um Urbano Tavares… Prometo.
E vocês? O que opinam? Gostam de clássicos portugueses? E dos nossos talentos actuais?
Digam-me, ensinem-me.

11 comentários:

  1. Também não li quase nada de autores portugueses mais clássicos. Mas no outro dia fui buscar dois livros, um do Castelo Branco e outro do Virgílio, a uma colecção que a minha mãe lá tem e tenho tenção de os ler! :)

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  2. Eu também vi um pouco do programa de ontem, por acaso prefiro a literatura actual de portugueses adoro o José Rodrigues dos Santos, mas na maior parte das vezes leio literatura estrangeira!

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  3. Só lhe digo isto porque já visitei o seu blog várias vezes, acho que tem a cabeça no sítio, mas há uma coisa que me mete comichão... a forma como escreve contrato... Não tem nenhum c... para uma menina que gosta tanto de ler :(

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  4. Ora pois então claro que tinha de comentar este post, ou não fosse eu uma leitora compulsiva! :)
    Camilo Castelo Branco nunca li mas Eça de Queirós é excelente! Aconselho "O crime do padre Amaro", "O primo Basílio", "A relíquia, "Os Maias". Tenho a certeza que vais gostar.
    Quanto aos talentos atuais, confesso que não leio muitos autores portugueses, mas li um do José Rodrigues dos Santos que amei "O Anjo Branco". Boas leituras então! :)

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  5. Jude: Eu tenho 2 Eças e um Camilo na minha estante. É questão de me empenhar. Tem de ser!

    Jovem: também já li 4 livros do Rodrigues dos Santos. Gosto mas há melhor. Tenho muita curiosidade sobre o Lobo Antunes.

    Anónimo: A sério? Olhe que nunca tinha reparado que cometia tal parvoíce. Sei que não leva C, deverá ser algum bordão que criei e nem notei. Obrigada pelo reparo.

    Geri: Já li 4 livros do Rodrigues dos Santos mas não esse. Tenho de ver... obrigada pelas dicas!

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  6. Olá... Pois, há erros que repetimos sem nos apercebermos. Também me acontece... Acho que acontece a todos :)
    Quanto a livros de escritores portugueses: além dos clássicos, temos os novos escritores: Gonçalo M. Tavares, Valter Hugo Mãe... Fantásticos... Se lhe apetecer, experimente... Beijinhos

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  7. Anónimo: O Valter Hugo Mãe desperta-me muita curiosidade. Vou ter o seu conselho em conta. Também ando de olho no José Luis Peixoto.

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  8. Sinceramente não conheço praticamente nada desses autores e a verdade é que é muito por culpa do ensino que não os cultiva.
    Sou grande apreciadora das obras que damos em Português, Maias e Lusíadas são aqueles livros que toda a gente deve ler, e com os quais me deliciei.
    Mas falas aí num outro aspecto que é completamente ignorado no âmbito da disciplina, e muitas vezes fez-me perder o ânimo: não se abre espaço às nossas próprias ideias e interpretações. Basicamente essas obras têm as interpretações dos especialistas e a nossa que se lixe, resta-nos tentar entender e decorar a visão dos outros. Ridículo!

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  9. Kim: Exacto! Olha, grande verdade. Neste país a literatura decora-se, não se aprende a amá-la.

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  10. Olá,
    Chamaram-me hoje à atenção para este post que ainda não tinha dado conta da existência. Queria só agradecer e relembrar que não fiz mais do que falar por uma boa mecha de alunos que "banqueteados de açoutes" (dira o nosso cronista, Fernão Lopes) de toda a vez que o Ministério da Educação faz uma nova "ressalva", toma uma nova medida.
    Mais do que nenhuns, os alunos de Humanidades são os primeiros a perder disciplinas: A Ciência Política há muito que está morta, o Grego e o Latim são parte da "História". Clássicos entra para a Lista.
    Dentro dos livros em si, na Literatura Portuguesa, o grande camoniano Mário de Sá-Carneiro não me passa ao lado. A Loucura deve ser das melhores coisas que li.
    Mais uma vez, se não ficou esclarecido, queria só dizer que não acho que isso deixe de me compensar a nível cognitivo e nível pessoal...no entanto, não me recompensa a nível académico. Sou ativista desde os 12 e nunca recebi nada em troca...no máximo, um Satisfaz Bem a Formação Cívica no Básico. Só quis salientar a hipocrisia de quem quer pormover a leitura no jovem e fecha disciplinas como as Literaturas Portuguesas e Clássicos da Literatura.
    Abraço.

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  11. Maria: Estudei história na Universidade e sei bem o que praticamente está enterrado. Nem na Universidade nos dão direito a ter grego ou latim. Querem que o pessoal de arqueologia leia epigrafes sem latim! Assim nunca haverá qualidade. É pena saber que não posso fazer grande coisa com a minha paixão pela literatura... E tens bom gosto, Sá Carneiro e Pessoa são os melhores escritores portugueses alguma vez existentes (eu acho). ;)
    Falaste em hipocrisia... é isso mesmo. Acho que "conselho" que se dá aos jovens do "deves ler mais para seres mais inteligente" tornou-se frase feita, como "come tudo que vem aí o papão". Frases sem sentido, como se fossem já mito. Tenho pena que estejamos neste ponto... na minha cidade então! Dá-me pena ver que os espectaculos de teatro chegam a ter apenas 10 espectadores, que raramente vejo alguém num café a ler, que os museus só recebem turistas estrangeiros... a cultura está a morrer.

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