Desde o início que
detesto este trabalho de bater de porta em porta a tentar vender televisão
paga.
Mas esta semana atingi
o auge!
Bati numa porta e do
outro lado surgiu uma senhora de 90 e tantos anos, coluna dobrada pela vida e
pelo trabalho, surda.
Tentei explicar-lhe ao
que vinha. Não ouviu/entendeu nada. Pediu-me desculpas por ser “tonta”, afirmava
que na sua juventude era mais inteligente.
Pediu-me para falar com
o marido. Ele certamente compreender-me-ia melhor. Pediu-me que o chamasse no
quarto que tantos anos fora dos dois.
Entrei na pequena
divisão e vi a cama feita, imaculada, sem vestígios de nenhum homem. Reparei
então que a Dona Alzira, assim se chamava, estava toda vestida de negro e havia
uma foto do seu esposo em cima de uma mesa, rodeada de velas.
“Tu queres ver que a
senhora acha que o marido está vivo?”.
Tentei explicar-lhe que
o marido não se encontrava presente ao que ela reage, de forma inesperada,
dirigindo-se a uma cadeira de baloiço que tinha um casado pendurado, pegando e
abanando a dita, enquanto dizia “Alberta!! Fala tu com a menina que eu não a
estou a perceber!”.
Fiquei sem reacção.
Lidei o melhor que pude
com aquele cenário, despedi-me da Dona Alzira e abandonei o prédio.
Partilhei o episódio com
os meus colegas e chefe. Este último apenas soube dizer “Então, e ela e a
Alberta não te assinavam contrato?”.
Fiquei enojada!
Assinar, assinava! Ela, a cadeira e o falecido esposo. Mas eu é que nunca mais
dormiria de consciência tranquila tendo arranjado uma despesa mensal a uma
senhora que crê que o seu companheiro ainda se deita na mesma cama que ela.
Pois...
ResponderEliminarInfelizmente a malta que chega a chefia nesses trabalho tem um grande problema...
Tem uma pedra onde devia ter o coração...
Tiveste a atitude correcta em não ter insistido mais no contrato...
Muitos parabéns...