Desculpem a ausência e
obrigada pelo vosso carinho e preocupação pelo que terá acontecido na
sexta-feira. Mas precisava de uns dias para acalmar e ver como eu própria
reagia e como se desenrolavam as coisas.
O que se passou foi
apenas um susto. Mas daqueles valentes e que quebram algo no nosso interior.
Sai para comemorar o
Dia da Mulher com uns amigos e, devido à minha cirurgia no cóccix, até optei
por um barzinho calmo de música ao vivo, para evitar tumultos e encontrões. Mal
sabia eu…
Vi lá o João. Como
sabia que ele tinha sofrido um acidente nesse mesmo dia e o vi sozinho na rua,
fui lá perguntar como é que ele estava. Ele parecia bem disposto, falou-me bem,
brincou e até ficamos de falar no fim do concerto para ele me explicar melhor
sobre o acidente.
Voltei para perto dos
meus amigos e diverti-me. No fim, lá o procurei. Erro meu. Estava já bêbedo,
como vai sendo hábito desde que esta relação terminou. E sem motivo algum
começou a ser agressivo comigo. Eu apenas lhe pedia que falasse baixo. Ele
apenas retorquia “Já sabes que sou uma pessoa que fala alto, tu nunca me
aceitaste como sou”. Que vergonha… detesto pessoas com necessidade de chamar a
atenção sobre si.
Tanto alarido estava a
fazer que entrei no carro dele para tentar cala-lo e dialogar. Sou mesmo burra!
Achei mesmo que era possível dialogar civilizadamente com um tipo alcoolizado?!?
Apanhando-me no carro
dele, arrancou a alta velocidade. Bebedos ao volante? Pensei que morreria ali.
Tenho medo destas irresponsabilidades, só rezava para que a polícia aparecesse.
Por sorte, parou à
porta da minha casa. E aí começou o circo. Gritou que lhe estou a dar cabo da
cabeça, que não dorme, que está a endoidecer com o amor que sente por mim, que
pediu transferência para não viver na mesma cidade que eu (foi ele que
terminou, lembram-se?), que lhe estou a DESTRUIR a vida (hum?) e começou a
esmurrar o volante. Imaginem o meu pânico trancada num carro com um trintão musculado
aos murros a tudo. Não que me sentisse fisicamente ameaçada mas nunca se sabe,
os braços pareciam descontrolados, ele gritava muito, eu já estava encolhida e
tive medo, muito medo. Nunca tinha visto uma pessoa num estado tão
descontrolado e enraivecido!
De repente, sai do
carro, abre-me a porta e tenta tirar-me à força. Como se eu tivesse invadido o
carro dele e estivesse lá a impingir-me! Apanhou-me ao colo, pôs-me no passeio
e desapareceu a alta velocidade. E eu fiquei à porta de casa, às 2h da manhã,
sozinha e com uns pontos da cirurgia rebentados pelos movimentos dele.
Não sei como consegui
ficar calma no meio daquilo tudo. Só quando entrei em casa surgiu o choque.
Tremia e queria chorar, mas poucas lágrimas saíram bloqueadas pelos nervos. Tremia
tanto… nem conseguia despir-me nem deitar-me nem dormir. Apenas estava a tremer
e sem reacção a nada.
Tentei ser amiga. Apenas
isso. Quando passamos 2 anos com alguém é porque foi importante para nós,
partilhou a nossa intimidade. Então se as coisas terminam há que haver pelo
menos consideração e respeito. Foi ele que foi fraco, sucumbiu a pressões e
terminou e mesmo assim, eu tentei ser amiga e estender a mão. Ele chegou a
gritar-me “Pensas que és a Madre Teresa? Não és ninguém, és um ser humano igual
aos outros e eu não preciso da tua ajuda!”. Bolas, uma pessoa estende a mão e
recebe gritos e violência? Juro que não dá para entender. Está-me a custar
aceitar que a pessoa que amo tenha chegado a este ponto de auto-destruição mas
o certo é que já não o consigo ver com os mesmos olhos. Se no início entrei em
depressão e não aceitava a injustiça de o ter perdido, depois ergui-me e passei
a ter preocupação e a desejar uma amizade, mas agora tenho mesmo pura pena e
por mais que queira ajudar alguém, nada justifica colocar em perigo a minha
saúde.
A minha cirurgia estava
óptima e desde aquele momento de brutidade que desenvolvi uma infecção que está
a ser difícil controlar. Portanto, nenhuma boa vontade justifica ser o saco de
pancada de outro.
Do alto da sua arrogância,
nunca mais me telefonou. Nem por preocupação com a cirurgia nem para pedir
desculpas. E eu ganhei vergonha na cara e parei de correr atrás de alguém que
ultrapassou os limites do respeito e bom senso.
Tenho pena, espero que
recuperes o equilíbrio e que sejas feliz. Mas eu não sou psiquiatra. Quiseste
parar com a guerra familiar e abrir mão de mim para que a tua família te
aceitasse em paz. Então aceita a tua acção covarde e comodista, aceita que me
tiraste da tua vida, não fui eu que sai e pára de me perseguir! Não me vais mais
maltratar para que eu sofra como tu. Estás a sofrer porque escolheste este
desfecho. Agora não te vingues de quem já é vítima. É com o coração a sangrar
que me afasto de ti para sempre. Que te reencontres e voltes a ser tu, aquele
homem sorridente que dava um rim por mim. Boa sorte.
Nem sei o que dizer! Fiquei-lhe com uma raiva! Ele não merece nadinha de tua parte. Já tem idade suficiente para assumir as escolhas que fez e deixar de se comportar como um puto irresponsável!
ResponderEliminarFico é preocupada contigo, por teres passado por toda aquela situação e por ter trazido consequências para a tua saúde. Espero que recuperes rápido. Força!
bem, esta história até me deixou mal disposta.
ResponderEliminarsei bem o que isso é. pensamos que conhecemos a pessoa, mas afinal, há sempre uma parte que fica por conhecer. estes são alguns dos momentos. em que perdem o controle e nós nunca sabemos o que pode acontecer. sei bem o que é sentir esse medo. sei bem como nos sentimos nessa situação. infelizmente. é triste, é mesmo muito triste, as pessoas chegarem a esse ponte e mostrarem o que realmente são...
Sem palavras :(
ResponderEliminarNão consigo imaginar o sufoco que sentiste no meio dessa situação toda. Ele só demonstrou não merecer metade dos esforços que fizeste por ele. Foi um cobarde ao tratar-te de tal forma. Mas como se costuma dizer, há males que vêem por bem, e pelo menos ficaste a conhecer uma parte dele que te fez repensar em tudo.
ResponderEliminarUm grande grande beijinho
Caramba, ele está mesmo fora de si. Espero que continues a ser mais forte que tudo isso, e que enfrentes os proximos tempos sempre de cabeça levantada. Não vale a pena continuares a tentar ser amiga de alguém que não merece nada. E preocupa-te primeiro contigo e com a tua saúde, isso é o mais importante. Força*
ResponderEliminarJá chega, esse homem não está bom da cabeça.
ResponderEliminar