sábado, 16 de novembro de 2013

Nino




Agora sim, com calma, vou-vos falar do Nino.
Na terça-feira fui às compras com uma amiga e esbarramos com este gatinho. Estava todo ranhoso, respirava com muita dificuldade, tinha sangue no peito e um olho cegado.
Ficamos comovidas, sem saber o que fazer.
Felizmente, saiu uma senhora de um café que nos apaziguou e explicou que o gatinho tinha aparecido assim há coisa de 15 dias e que ela, com pena, o alimentava, não fazendo mais por falta de dinheiro. Mas era visível que ele necessitava de cuidados médicos veterinários urgentes!
Como agora faço parte da Associação Animal cá da cidade, liguei logo à Presidente a explicar o sucedido e se haveria algo que pudéssemos fazer. Como já calculava, ela alegou que a Associação está mais que lotada e que não havia como recolher o pobre gato mas que, se surgisse uma FAT (Familia de Acolhimento Temporário), a Associação suportaria a despesa veterinária.
Fiquei super feliz e vim para casa falar com a minha mãe. Para não variar, houve gritos e um convite para que eu saísse de casa. Enfim, gente ruim há em todos os lados, até a viver connosco.
Pedi ao meu namorado (fica para outro post) e ele acedeu a que o Nino (nome colocado pela senhora do café que o alimentava e ao qual ele responde perfeitamente) ficasse em sua casa. O único problema é que o namorado sai de asa às 7h e regressa ás 19h. Logo, optei por me mudar temporariamente, para cuidar assim do pobre felino.
Combinei com a senhora do café que no dia seguinte, ás 11h, iria buscar o Nino para o levar ao veterinário e ficar logo com ele. O problema surgiu quando o Nino se viu nos meus braços, sem me conhecer e, tendo pânico de pessoas, começou a contorcer-se todo, a arranhar-me e fugiu. Eu entrei em pânico!! Só chorava! Não podia acreditar que tinha tirado o Nino de uma rua onde o alimentavam para agora se perder por aí, sem comida, com uma ferida aberta no peito. Senti-me tão culpada!
Corri e corri, de rua em rua, de carro em carro (dói-me os joelhos de tanto me ajoelhar nos paralelos a espreitar debaixo de cada carro). Foram buscas e buscas das 11h até ás 20h. Sozinha. Porque toda a gente achou que eu estava a exagerar e que era “apenas” um gato. E portanto, as únicas 3 pessoas que me ajudaram, desistiram logo pelas 12.30h.
Eu corri aquelas ruas, sozinha, em lágrimas, gritando “Nino! Nino!”. Até que o encontrei dentro de um motor de um carro, já perto das 20h. Toda eu tremia de emoção e alivio. A minha única refeição tinha sido um palmier às 14h. Tinha fome, frio, nervos, peso na consciência. Telefonei ao namorado a pedir ajuda, ele lá veio com um transportador e lá o resgatamos. Seguimos directo para o veterinário.
Diagnóstico: o Nino sofreu muito, algo inimaginável. Partiram-lhe todos os dentinhos, resta apenas um canino. Nunca na vida poderá comer ração, apenas latinhas e paté. O olho esquerdo está muito danificado, está cego. Estamos a pôr-lhe uma pomada para ver se há alguma possibilidade de reverter a situação mas é pouco provável. Tem uma constipação muito grave, tendo as vias respiratórias obstruídas. Cada vez que respira, saem-lhe bolas de ranho. A ferida no peito não sabemos como terá sido provocada, talvez com uma pistola de pressão de ar, mas já está a cicatrizar. Quanto há idade há muita incoerência. A veterinária aposta em 1 ano e meio, já o seu chefe aposta em 10 anos. Enfim… Prefiro acreditar que seja jovem e que tenha sido resgatado numa boa altura e não que tenha andado toda uma década aos pontapés. Como calcularão, tem medo de pessoas. Passa o dia debaixo da cama mas assoma-se quando o chamamos. Come bem e parece estar a ganhar confiança.
Agora terei muito pouco acesso à net, só quando venho a casa visitar o meu Eros. Mas sempre que puder dar-vos-ei noticias.
Vamos torcer pelo Nino!


5 comentários:

  1. Sorte do Nino de ter sido achado por ti.
    Estou a torcer por ele.

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  2. Dseculpa... não queria dizer coelho mas sim gato.

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  3. Sorte desse lindo gatinho ter-te encontrado. Eheh. Espero que ele fique bem.

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  4. Custa-me acreditar que há tanto monstro capaz de fazer mal a animais indefesos... ainda bem que este gatinho esbarrou contigo!

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