terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Do desequilíbrio




Amanhã vamos decidir. Amanhã, eu e o João vamos decidir o que fazer com isto, com este amor, com este sofrimento, com este caos.
Dia 27 deste mês faríamos 3 anos. Anos caóticos, com a família dele contra nós, com trabalhos noutros países para ambos, com muitas brigas e cedências, com uma ruptura de 5 meses.
Se por um lado sei ver que somos instáveis e opostos, por outro parece incrível tudo o que já superamos. Custa “morrer na praia”.
Se por um lado o amo, por outro ele desequilibra-me. Esta relação tem tantos factores de stress que já dei por mim a ser a pior pessoa do mundo, a mais fraca, a sofrer imenso, a ser egoísta, mesquinha. Parece que não sou eu. Não digo que a culpa seja dele, porque afinal somos ambos vitimas. Mas toda a relação, a família dele, enlouquece-me. A família dele. Este último factor tira-me a vontade de viver. Basta ouvir o João dizer “Vou ali tomar café com a minha irmã” e eu sufoco. Sufoco a sério, tenho um ataque de ansiedade, quase desmaio, fico irritada uma semana inteira e transformo-me naquelas loucas que telefonam a cada 10min.
Passe o tempo que passar jamais vou perdoar o que me fizeram. E se família é família acima de tudo, eu não o consigo ver assim e dói que o João não tome as minhas dores, não corte laços, os mande para o espaço e nunca mais os veja. Sou egoísta e bruxa por querer separar uma família? Talvez. Mas a maldade deles ameaça-me, faz-me parecer um bichinho assustado e ter gente deste calibre perto de mim e do meu Amor faz-me tremer.
Cada jantar de família é um pesadelo, cada café é um ataque de pânico. Se quero viver assim? Jamais! Se tenho o direito de fazer o João nunca mais ver a família? Muito menos.
Acho que me perdi, já não sei o que quero. E pior, não sei o que não quero.
E com estas poucas noções em mente, lá irei amanhã falar com ele, ver o que ele pensa e decidir o melhor para ambos.
Opiniões? Sim, tu aí.
Coração: eu quero-o de volta, quero dormir em conchinha com ele, ver aquele sorriso, aquelas covinhas a cada dia.
Cérebro: Foge! Já se destruíram, daqui para a frente vai ser a piorar. Já é a tentativa 538376 e nunca deu. Só te vais perder mais, angustiar mais.

8 comentários:

  1. Eu aqui não vou dar nenhuma opinião.
    Essa situação não é nada fácil... Força!

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  2. Seria muito fácil para mim, enquanto leitora, tecer uma opinião e escrevinhar um belo texto moralista e blá blá blá. Mas tenho que concordar com o comentário da Luísa. Ainda que siga o crescimento de parte dessa tua relação nesta página, que leia nas entrelinhas os teus medos e angústias, tenho que a certeza que tu, contigo mesma, irás tomar a decisão certa. Seja ela largar ou permanecer.

    Boa sorte querida *

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  3. Eu tenho por experiência própria que se não deu à primeira, nem à segunda - e por aí adiante - não vai dar em momento algum. Revejo-me muito nas tuas palavras quando dizes que ele te desiquilibra, e nem te conheces a ti própria. O mesmo aconteceu comigo, numa situação levada ao extremo, em que me tornei uma pessoa mesquinha, controladora e pior de tudo, manipuladora. Aquela não era eu, e se com aquela pessoa eu não conseguia ser eu própria, não valia a pena.
    Mas cada caso é um caso, mesmo que eu continue a achar que se naõ deu até aqui, também não vai dar.

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  4. Eu escolhia a opção fugir. Se até agora ele não consegui ficar do teu lado contra a família, nunca o vai fazer. E nunca vais conseguir ter uma relação estável se sofres como sofres só por ele ir tomar uma café com a irmã. E como dizes não tens o direito de o separar da família. E se acabares agora, ainda és nova de certeza que conseguirás viver um novo amor sem estes problemas.
    Eu estou numa relação (já estamos unidos de facto) onde a mãe dele gosta muito de criticar todos os aspectos da nossa vida, e mandar indirectas que comigo o filho não está bem ou porque não come bem ou porque passa frio (a típica sogra), e o meu namorado não é capaz de me defender, só para não magoar a mãezinha. E essas pequenas coisas estão aos poucos a destruir a nossa relação. No teu caso parece ser pior por isso é que te dou este conselho.

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  5. Já estive numa situação similar no início do nosso relacionamento, se bem que não tão dramática. O que fiz foi desligar-me da família, acabar com enredos, perceber que nada quero com eles e explicar que prefiro que não se fale deles, a não ser extremamente necssário. Isto para deixar acalmar o que sentia, depois, com o tempo, a minha tolerância aumentou, pelo que continuo sem conviver mas consigo ouvir falar deles. Parece-me que estás com algum stress pós-traumático em relação à família dele, claro que a culpa também é do João porque ele deveria saber proteger-te da família dele, mas agora tens de ser tu a decidir se ele vale a pena ou não, se não valer tens de desistir de uma vez. Não são três anos e podes morrer na praia, se quiseres.

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  6. O segredo de uma boa relação e respectiva reciprocidade passa também pela família. Se não houver simbiose entre tudo o que rodeia uma união bem podes esquecer, pode funcionar durante algum tempo mas o ponto de ruptura vai aparecer mais cedo ou mais tarde.

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  7. Pois... eu passo por isso, mas do lado contrário. Não sei tudo o que se passou no seu caso, mas pela maneira como fala, penso ser bem mais grave. A minha mulher dá-se com todas as pessoas da minha família e meus amigos, mas não pode com a minha mãe. E tem sido cada vez pior e a relação continua cada vez pior. E sinto-me saturado por isso. Farto e exausto.
    A minha mãe tem um feitio difícil e é a pessoa mais teimosa do mundo. A minha mulher é a pessoa menos tolerante que conheço e também tem um feitio difícil. São duas pessoas boas, com bom coração, mas parecem mais interessadas em defender “o seu quintal” do que outra coisa qualquer e foi dando merda. As duas parecem não conhecer limites, é mais forte que tudo. Eu também não aprecio determinadas coisas em algumas pessoas da família dela (ou amigos), mas penso saber dar a volta em certas situações e cago no assunto, porque sei que no fundo são boas pessoas. E eu sei que sim, por isso, sigo em frente. A minha mãe e a minha mulher, não.
    Sei que sou responsável pela maneira como a minha família recebe ou lida com a minha mulher. Ponto. E tenho culpa de ter deixado a situação andar por esperar que um dia tudo se iria resolver e darem-se bem. Mas não. Foi piorando e a minha mulher sobrecarrega-me com tudo e tem cortado cada vez mais comigo. E pergunto, se alguma vez teria hipótese de melhorar?!
    Isto, por incrível que possa parecer, está a destruir a nossa relação e está a tornar-se cada vez mais insustentável. Eu amo a minha mulher. Fiz inúmeros sacrifícios por ela e continuo a fazer, para estar bem com ela, que passaram basicamente para deixar de estar com a minha família e amigos (moram longe de onde vivo) para evitar estar com a minha mãe. E mesmo assim, sinto o peso nas costas cada vez maior e mais e mais e mais… O ano passado não a convidei para vir a minha casa no Natal e agora, não a convidei também para vir ao aniversário dos seus netos… Cortei nas vezes em que a minha mulher vai estar com a minha mãe. Ou seja, nenhuma. Mas não vou deixar de ir com os pequenos (e até eu) ao pé da minha família, e dos meus amigos. Por isso, quando isso acontecer, eu sei que vou ter as consequências. E, quando isso acontecer, penso que acabarei com tudo. Este é o meu limite! Não dá mais. Vai-me pedir o quê?! Para deixar de falar à minha mãe?! Proibi-la de ver os netos?!
    A situação não é fácil, compreendo aquilo que passa. Eu amo a minha mulher. É a luz da minha vida. Mas é também a minha tormenta. Não se trata de conversa da treta de que se não deu uma vez, também não dá na segunda ou na terceira vez ou no raio que a parta. Sacrifícios e lutas, todos temos de fazer em prol daquilo que acreditamos. E de quem amamos. Se não, vamos fazer por quem?! Não sei quando chegará àquela altura em que não vale a pena continuar e é melhor terminar, porque nunca cheguei até ela. Mas, acho que no momento em que nos apercebermos de que do outro lado, por mais esforços ou sacrifícios que fizermos, é-lhes igual ao litro e não dão valor nenhum, acho que será nessa altura que it’s over. E eu sinto que o meu está perto…
    Não sei que lhe posso dizer mais. Se calhar, boa sorte e que procure ser feliz.

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    1. Pareces-me muito consciente da posição da tua mulher e parece-me que a entendes. Ainda bem. Eu consigo ignorar pessoas das quais não gosto, finjo que não conheço, corto e pronto, não alimento conflitos. O problema é que do outra lado, a familia dele, adora guerras e eu ignora-los foi uma afronta, começaram a perseguir-me, a provocar-me nas ruas, a fazer telefonemas ofensivos, sms, ameaças... uma coisa assustadora!
      Tu estás numa posição muito delicada e esgotante. Fala com a tua mulher e entende primeiro o ponto da situação, porque ela pode apenas ser conflituosa e disputar-te com a tua mãe porque sim, porque é do feitio dela ou pode estar no mesmo ponto que eu, em que tenta compreender-te, sabe que estás numa situação horrivel mas é mais forte que ela, cada encontro com a tua mãe provoca-lhe choro e mau estar e dor de barriga. Eu atingi o cumulo de ter ataques de ansiedade cada vez que ele bebeia café com a irmã. Vê primeiro qual é a situação dela. E boa sorte também. Obrigado pelo testemunho.

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