quinta-feira, 13 de março de 2014

Detalhes de um fim IV



Andei semanas a mandar sms ao João, a querer saber o porquê, se tinha sido a família a fazer-lhe a cabeça, porquê de termos voltado para me fazer passar por tudo de novo, se não me amava, o que raio lhe estava a passar na cabeça.
Ele prometia que em breve falaríamos com calma mas as semanas foram-se sucedendo e a conversa nunca surgia. A cada dia surgia um novo percalço, um compromisso, e eu ia esperando… para nada.
Quando tinha já desistido, eis que ele me liga com mais uma situação chocante: já não queria o Nino.
Então eu tinha ido devolver o gato, em lágrimas, tão importante que ele é para mim, porque me achei mesquinha e meti a felicidade deles acima da minha e agora, de repente, já não queria o Nino?
Começou com uma conversa que agora tinha muito trabalho, tinham-lhe aumentado o horário laboral, não tinha tempo para o Nino, muitas vezes ele não tinha água nem comida, estava sempre sozinho. Inicialmente, pediu-me cordialmente que o trouxe-se para minha casa. Expliquei-lhe o que ele já sabia, que a minha mãe não gosta de animais e que eu já tenho o Eros que acha que os outros gatos são comida. Além disso o Nino não estava castrado e marcava território, era um cheiro insuportável. O João ofereceu-se para pagar a castração. Mesmo assim eu não o podia levar para minha casa. Entrei em desespero e coloquei anúncios em tudo quanto era associação e grupos animais deste país. Incrivelmente, ninguém do Alentejo respondeu (vergonha!) mas um grupo de Viana do Castelo ligou-me e combinou que aceitava o Nino, procurava-lhe dono mas eu tinha de ir até lá com ele. Só vos digo pessoal, daqui até lá, é coisinha para a viagem ficar em cerca de 80€. Acrescia ainda à factura a castração do Nino. Mas eu, ingénua, pensei que o João pagasse a nossa ida até lá. Afinal, a castração aqui na cidade custa 70€, com um pouco mais levávamo-lo até Viana e ficava o assunto arrumado. Liguei ao João a expor esta solução. Mas, para minha surpresa, num sábado as 18h, ele estava alcoolizado. Começou aos gritos a dizer que não me dava dinheiro nenhum, que eu só queria dinheiro, que já tinha gasto imenso nesta relação. Enfim, para quem ouviu a conversa, este escândalo, eu fiquei com uma imagem horrível, de chula interesseira…
Do nada, exaltado, começou a dizer que quando chegasse a casa metia o Nino na rua. Eu, em pânico, disse que o ia já buscar e depois logo via uma solução. O que fez ele perante o meu desespero e choro ao telefone? Desligou-me na cara e proibiu-me o acesso ao Nino. Agora só mo daria quando ele quisesse ou lhe apetecesse.

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