segunda-feira, 14 de abril de 2014

Caos

Não há nada pior que o caos. Dizem que é bom, que a seguir à tempestade vem a bonança, que após a chuva surge o arco-íris mas não sei… quero muito acreditar nisso mas neste momento só vejo cansaço. Cansaço por todo o lado! Cansaço de não saber o que sentir, de sentir tudo e não sentir nada. Após aquela quinta-feira terrível em que sonhei com o João e acordei angustiada, com enxaqueca e ansiedade e me arrastei todo o dia pensando nele, no amor, no passado, nas lembranças, eis que logo no dia a seguir, na sexta, ele passou por mim, acenou e sorriu e eu apenas olhei, virei a cara e continuei a andar. Que enjoo e cansaço de olhar para a cara dele. É um Amor e uma Mágoa, tudo junto, intenso.
Passei por todas as fases do fim: compras com as amigas, mudar a cor de cabelo, ir de férias, arranjar coisas novas para fazer (ginásio e corridas) e hoje até cortei o cabelo curtinho, por cima do ombro (depois mostro).
Não choro, não tenho essa tendência dramática. Também não vou para bares desforrar-me com outros homens, não nasci com essa veia de cabra. Não me meto a ver vídeos e fotos porque, felizmente, a saudade pode ser muita mas a vontade de olhar para a cara dele é nenhuma todos os dias. Mas tenho um hábito terrível: reviver e reviver, os momentos, os diálogos, os erros, a paixão, vezes e vezes sem conta, sobretudo quando vou dormir ou quando acordo e fico na cama a martirizar-me.
Sei que isto passa. Claro que passa. Mas queria que já tivesse passado. Queria sorrir só porque sim, acordar com a mente em branco, nem me lembrar do nome dele. Anseio por esse dia.
Mas o pior ainda está por vir. Estou a menos de 2 meses de ficar desempregada. Menos dinheiro, milhões de incertezas, nervosismo e muito tempo livre para pensar e desesperar. É que aconteceu tudo ao mesmo tempo! Serão tempos caóticos em que além de sentir falta de amor, sentirei falta de apoio, carinho, compreensão e uns braços fortes que me protejam e apertem.
E a bipolaridade? Ora o amo e preciso ouvir a sua voz, ora me arrepia só de pensar voltar àquela relação e todos aqueles problemas. Começo a não ter a certeza se sinto falta dele ou de ser amada.
E hoje escrevi este desabafo só porque a minha tia decidiu dizer que viu o João a jantar fora com os pais. Depois de tudo acreditem, preferia vê-lo com outra mulher, magoar-me-ia menos. Sei que pais são pais, família é família, mas caramba! Eles tentaram atropelar-me, quase perdi a casa por causa deles, fui humilhada, ofendida, ameaçada com uma faca, ele próprio dizia que a família é uma cambada de doentes psicóticos, que os odeia mas bastou que a relação terminasse para começar a sair todos os fins-de-semana com a irmã, jantar diariamente com os pais? Magoa ter aguentado um INFERNO por ele, por amor e no fim, eu sou descartada e os maluquinhos são felizes juntos e unidos, como se nada. O que mais dói é a injustiça, minha gente. Que eu aguente tudo e fique sem nada e que pessoas tão más consigam tudo o que sempre quiseram, faz-me duvidar da existência do Karma e da Lei do Retorno.

3 comentários:

  1. Minha querida, enviei-te um e-mail há alguns dias. Espero que, apesar do que relatas, exista alguma força aí dentro.

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  2. Eu nunca passei por um desgosto de amor, nunca ninguém me desiludiu dessa forma, por isso nesse ponto específico não posso ajudar. Mas há um ano e meio, mais ou menos, passei por uma série de coisas complicadas que me deixaram de tal forma deprimida que não havia dia em que não chorasse. Metia dó, não dormia, passava os dias a pensar na mesma coisa, 24h por dia, olhava para a parede e para o tecto imenso tempo seguido, entrava em pânico do nada e preferia não estar sozinha. Enfim, uma série de efeitos, sendo o pior a ansiedade constante e o peso no peito que me deixava exausta. E sentia que era injusto, que não merecia passar por aquilo, que sempre tinha sido a melhor pessoa possível, a melhor aluna, a melhor filha, a melhor amiga, etc. Foram mais ou menos 10 meses assim, sem descanso, sem intervalos, só a tristeza e o peso constantes e na altura eu só conseguia ver caos, não me parecia que fosse acabar. Mas eventualmente, numa altura em que eu até nem esperava, começou a diminuir. Não te posso dizer que hoje em dia tenha passado, até porque ainda estou a viver a "situação" que me deixou assim, mas encontrei um caminho alternativo, arranjei um plano e sem eu perceber as semanas começaram a passar mais depressa, comecei a sentir o peso um bocadinho mais pequeno e a não ter que obrigar-me a andar para a frente e a não desistir ali no meio da rua a cada dez passos. Só agora, uns bons meses depois, é que percebi que estava perigosamente a entrar em estado de pré-loucura, louca com tanta preocupação e tristeza.

    E conto-te isto não porque me apetece desabafar - até porque é um tema que eu quase nunca abordo no blog, para evitar que aquilo pareça um muro de lamentações - mas porque quero que consigas acreditar que eventualmente tudo passa. Ou não passando totalmente, melhora muito. E é melhor dizer-te isto agora, porque daqui a uns meses sei lá se a "situação" não piora ou eu não desmotivo outra vez. A verdade é que quando eu estava no meio do problema e não conseguia pensar em alternativas, parecia que não existam respostas, que não existia felicidade para mim. Eventualmente melhorou e eu deixei de pensar obsessivamente no que me deixava deprimida. E se me tivessem dito que isso ia acontecer três semanas antes de ter realmente começado a acontecer, eu não teria acreditado.

    Não vou dizer que é uma situação boa e que tudo é uma lição. Mentira, é sempre uma merda e (quase) ninguém merece ter que passar por isso! Mas, mesmo sendo uma porcaria e estando tu a sofrer tanto, provavelmente vais mesmo aprender qualquer coisa e vais sair disto ainda mais forte. O facto de te ocupares com coisas produtivas e saudáveis já é um excelente primeiro passo. MUITO BOA SORTE e acredita que as coisas melhoram mesmo.
    (se precisares de desabafar podes usar o meu mail do blog!)

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    1. Talvez o faça, sim. Obrigada :)
      Apesar do buraco em que me encontro, tenho uma fé enorme que vai passar e vou ser feliz. Mas há dias tão, tão negros que não me permitem ver nada. Fico perdida.
      A situação que descreveste já a passei, 3 meses sem comer, banho era raramente e só chorava e me isolava. Emagreci tanto, fiquei amarela. Até que as coisas foram passando. Simplesmente foram passando. Portanto, esta não é a pior fase da minha vida mas mesmo assim é diferente, é nova e única e é triste.

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