Foram dias estranhos, confusos.
No sábado quase desisti de ir fazer o voluntariado no
peditorio alimentar animal. Acordei cansada, um enorme peso, esmagador,
abatia-se sobre o meu corpo. Sentia-me a ressacar de algo. E lembrei-me que
tenho andado a mil. Desde que me voltei a relacionar com o meu pai que muitas
coisas reentraram na minha vida: a familia dele, almoços de domingo, cinema pai
e filha, compras, jantares.
Tenho andado numa correria a tratar de papéis e coisinhas
para a minha ida para Barcelona.
Andei feita super-mulher (algum dia terei de perder esta
mania ou minimiza-la) a comprar, empacotar, levar, pagar, um sem fim de roupas,
calçado e livros para algumas instituições solidárias.
Escrever fitas e fitas
de finalistas.
Compras com as amigas,
caracóis e esplanadas.
Semana académica, todos
os dias, mais trabalho, mais pouquíssimas horas de descanso, sonos e sonos em
atraso.
A entrada do modelo
russo giraço na minha vida e a eterna fuga que empreendi desde então.
O regresso ao Reiki e
às meditações.
E que alguém me tenha
falado do João, do quão ele parece dedicado a si mesmo, indo todos os dias ao
ginásio com o irmão, decidido e familiar.
Então compreendi: ainda
bem que estou ocupada, cheia de ideias, projectos e amigos. Mas não estarei no
fundo a ocupar-me para não olhar de frente esta perda que mói o meu coração?
Não me estarei a encher de aventuras e gente nova para não pensar no João? Não
estarei a consumir cafés e cinemas desenfreadamente para não notar a falta que
me faz dormir em conchinha e aquela barba a passar-me no pescoço? Sinceramente
não sei. Até porque começo a achar que sinto falta do Amor e não do João. Estas
pequenas noticias sobre ele, há 1 mês atrás, ter-me-iam deitado abaixo e desta
vez apenas sorri e pensei “Ah… mais informações sobre ele e a família… ok, que
cansaço e chatice…”. Falar dele aborrece-me, pensar nele cansa-me e já dou por
mim a passar um dia inteiro sem pensar no passado. Acima de qualquer sentimento
ou memórias boas, ficou o cansaço e o fartão. E ainda bem. Mas sinto que tenho
de abrandar. Ando a levar-me ao limite.
Por isso, cedi à
“ressaca” e passei o sábado de cama, a divagar, a remoer, até às 15h e aí sim,
levantei-me bem, com energia e cheia de vontade de ajudar alguém. Lá fui pedir
comida para os meus patudos!
Começo a adorar esta
minha nova versão, que encara a perda, convive com ela, aceita-a e segue em
frente.
Independentemente do motivo por que andas metida em tantas aventuras, o que interessa mesmo é que isso te faz bem e não o estás a fazer por fazer. Portanto não penses demasiado e diverte-te! :)
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