sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Digam-me que sou adoptada!

Vá lá, digam. Contem-me a verdade. Fui encontrada num caixote do lixo, não fui? Só pode! Eu não tenho nada a ver com esta gente! O meu pai é o que é, mau, venenoso, movido a dinheiro. O seu lema: ou tens dinheiro ou és um merdas. Vai acabar sozinho, certamente. E a minha mãe? Eh coisa mesquinha! Hoje fiz-lhe um ultimato! Mais ou menos assim:


O meu fogão estragou-se. A senhoria lá ligou ao técnico que o veio buscar e levou para a fábrica. Ficarei uns dias sem ele. Liguei à minha mãe e contei-lhe o sucedido. Resposta típica dela: “E a senhoria não te comprou outro? Era obrigação dela!”. Respondo eu, já nada chocada com estas merdas, “Oh mãe, a senhora não vai comprar um fogão novo só por 2 ou 3 dias. Não vai ter essa despesa! E depois onde o mete?”. E ela insistia, batia no ceguinho, “É obrigação dela! Nem que fosse por um dia, comprava!”. Ok…
Há uns meses, por motivos pessoais, contei com a ajuda de perfeitos desconhecidos para resolver um problema na minha vida. Gente incrível que me estendeu a mão sem pedir nada em troca e ainda me deram casa, comida e banho quente por uma semana. No último dia, fui comprar um frango assado para todos e liga-me a Mammy. Disse-lhe onde estava e a fazer o quê. Resposta da bichinha do mal, “Com que então iam-te ajudar sem pedir nada em troca! Já estás a comprar-lhes comida e a gastar o teu dinheiro”. FODASSE! Deram-me tudo durante 8 dias e a minha mãe acha uma ofensa não me darem mais?!?
Já há 2 semanas fui visita-la e queríamos ir beber café a um sitio mais longe. Sugeri que fossemos a pé mas ela não quis. Ligou à irmã a pedir boleia. A minha tia disse que sim mas depois, em cima da hora, ligou a dizer que o chefe a tinha convocado mais cedo para o trabalho e que já não podia ir buscar-nos. Coisas normais na vida de quem tem responsabilidades. Mas não, a minha mãe entende lá agora isso! Passou o resto da tarde a falar mal da irmã. E ainda foi de propósito bater à porta de uma vizinha para lhe pedir boleia. A senhora nem ia sair de casa! Morri de vergonha.
Eu e as minhas tias já nos sentamos, calmamente, falamos com ela, explicamos que ela age como se todos tivessem obrigações para com ela, que não pode ser assim. Explicamos-lhe o quanto é amarga, o quanto afasta toda a gente. A minha mãe, resumindo, é daquelas pessoas a quem vocês contam algo de bom e ela arranja logo 4 problemas para uma solução. Qualquer um deixa de ter vontade e animo perto dela. Ela suga a energia de toda a gente até que ninguém esta bem e feliz perto dela. É esgotante! E detalhe: acha que está bem, é apenas mal compreendida e nós é que somos uns chatos, abutres, que a perseguimos e fazemos dela uma mártir.
A sério que cada vez vou tendo menos paciencia para ela. Já cheguei ao ponto de, quando estou feliz, evitar cruzar-me com ela. E as irmãs já fazem o mesmo, nem vão atendendo o telemóvel porque já se sabe: se a minha mãe liga é para envenenar o dia.
Tenho muita pena de gentinha pequena, pobre de espirito, que precisa deitar os outros abaixo para sentir algo. E gente dessa “tou fora”! Com ou sem o meu sangue.

5 comentários:

  1. A emancipação é fundamental nessas situações.
    Há alguns anos que depreendi a diferença entre mãe e progenitora.
    Foi fundamental para mim. No entanto ficam sempre mazelas na nossa personalidade porque quando não temos amor em crianças, o crescimento torna-se lixado e ficamos pessoas amargas em muitos momentos da vida adulta.
    Abrigo-me na expressão "é a vida..."

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    1. Sim, estes "pilares" tão errados marcam-nos profundamente. Tento ter consciencia de cada bloqueio meu e melhorar mas há momentos chave, situações, em que não é fácil e fica notório como familias desestruturadas nos podem delinear para sempre.

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  2. A tua mãe é infeliz. É claramente infeliz e mal resolvida. Tenta apoiá-la, porque ela deve ser mesmo muito infeliz... mas NUNCA MAIS deixes que ela te deite para baixo!

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  3. A minha avó é exactamente assim ou pior. A minha solução foi cortar relações com ela. Vivemos na mesma casa mas passo semanas sem lhe dirigir a palavra e, quando falo, é para responder a perguntas que ela me faça. Se forem íntimas nem isso. Não digo que seja a melhor solução, até porque uma mãe faz muita falta, mas eu cheguei a um ponto em que não aguento pessoas assim. Pode ser que não te incomode tanto, agora que estás a viver longe dela.

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