sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Porque também gosto de prendas

Já estou habituada a que me olhem como se fosse um Gremlin quando digo que não sou Católica e me dá igual se nasceu o Menino Jesus. E irrita-me aquelas pessoas que me respondem sempre com “Oh mas não é por ter nascido ou não Jesus, Natal é prendas, comida e família”. Ora vamos lá a esclarecer as coisas: Natal é uma tradição católica que consiste em comemorar o nascimento de Cristo. Não inventem! Querem receber prendas e adorar a família? Juntem-se mais vezes, não sejam hipócritas.
Enfim… avançando. Passo do natal mas decidi mimar-me.


11 comentários:

  1. Penso como tu. Acho que devemos estar com a família (se nos dermos bem) e mimar os outros durante todo o ano, mas Natal é outra coisa, não são árvores de Natal e prendas, mas sim o Nascimento de Jesus. Não me faz confusão nenhuma que as outras pessoas celebrem esta época do ano como querem, afinal somos todos livres e merecemos acreditar no que queremos e festejar como queremos, mas não vamos fingir que o Natal é uma coisa que não é. Não vejo ninguém a celebrar o Ramadão ou a fazer um Bar Mitzva aos filhos só porque sim e é giro.

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    1. Ora nem mais! É mesmo isso. O Natal é de católicos e não de fãs do tipo gordo da Coca Cola vestido de vermelho... Custava serem só um pouco coerentes?!?

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  2. Eu não sou católica e mesmo assim adoro o natal, precisamente por aquilo que ele significa para mim: estar em família, estar com os que mais gosto, dar, comer coisas boas, estar no aconchego do lar. Infelizmente é raro conseguir estar com a minha família tantas vezes quanto gostaria, por isso o natal acaba por ser a época ideal para juntar toda a gente (assim como no verão também temos a tradição de juntar toda a gente, o natal é mais uma dessas tradições). Não creio que o pessoal está a inventar o que quer que seja quando diz que o natal é família porque com todo o respeito hoje em dia o natal já deixou há muito de ser católico. Isso e o facto de a época em questão já estar associada a comemorações antes mesmo da religião católica se ter lembrado de tal coisa xD

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    1. Eu sei que o Natal hoje em dia é visto de outros modos. Mas acho mal. Cada coisa é o que é. Se lhe chamam tradição e lhe tiram as origens ancestrais então não é mais uma tradição. E as comemorações que existiam antes nestas datas eram tudo menos familiares, eram até bem livres e para maiores de 18. E como disse a Anaa no comentário acima, ninguém faz Bar Mitvaz porque é giro.

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  3. Não acredito que nos dias de hoje haja algum católico que leve cada tradição à risca e que, por exemplo no Natal, não se junte com a família e não troque prendas. Eu não vou à missa, não me considero uma verdadeira católica, mas sei que o Natal é a comemoração do nascimento de Jesus. Mas não é por saber isto que para mim o Natal não tem também outro significado para mim: reunião familiar. A minha madrinha nunca diz que é Pai Natal que traz as prendas, mas sim o menino Jesus. Muda alguma coisa? Para mim não, sinceramente, pois para mim o significado maior do Natal é mesmo estar com a família. Obviamente estou com a família quando posso, encontramo-nos sempre que podemos e fazemos sempre questão de conseguir com que a família espalhada pelo país e pelo mundo se encontre no mesmo local várias vezes por ano. Por isso, para mim há várias ocasiões familiares especiais e o Natal é uma delas. :) E picando-te um pouco, não é um pouco incoerente não seres católica, não celebrares o Natal mas ofereceres prendas a ti e ao Eros nesta altura? Não estarás a fazer na verdade o que todos nós fazemos? ;)

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    1. Como sei que lês o blog, saberás que os titulos foram mais ironia. Felizmente, mimo-me todos os meses (não abro mão de usar o dinheiro do meu trabalho para mim, sejam massagens, limpezas de pele ou livros) e o Eros... bom, esse recebe mimos todas as semanas, seja o leitinho de gatos seja os snack favoritos. Os posts foram ironicos mas a minha opiniao mantem-se. Faz-me confusao tornarem uma tradiçao cristã em algo nada a ver. E continuo a fazer copy paste do primeiro comentário acima: ninguém faz bar mitzvas porque é giro e reune a familia. Mas enfim... é o estado que temos. O pobre do Humberto Delgado fez questão de deixar uma carta a pedir para que a constituição portuguesa tivesse uma alinea que fosse sobre a laicização do país e tantas decadas depois a alinea até existe mas é nula. Caso não saibas, as vindas do Papa a Fátima são comparticipadas pelo Estado Português. Somos nós, eu, que as pagamos. Os budistas, por exemplo, se quiserem cá o Dalai Lama, que se juntem e rezem. Incoerencias de uma sociedade ainda muito salazarista.

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    2. PS: eu não digo que não troquem prendas. Não foi nada disso que eu disse, ou quis dizer. Digo é que o façam com a real noção da comemoração em mente. Troquem prendas sim, mas que sintam nos corações que nasceu Jesus, o vosso salvador, essas coisas. Eu, não sendo catolica, respeito bastante a fé de cada um. Sempre e quando seja uma fé, real, sincera, que a pessoa a sinta dentro de si com honestidade.

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  4. Concordo contigo quando dizes que todos devemos saber a origem do Natal. Farei questão de explicar um dia aos meus filhos que o Natal é a comemoração do nascimento de Jesus e não um dia em que um gordinho de barbas brancas e fato vermelho decide espalhar prendas pelo mundo. Mas também quero que cresçam com a imagem da reunião familiar em casa, dos jogos de tabuleiro, do abrir de prendas e do chá com biscoitos a seguir. Não me interessa que rezem e que vão à missa do galo, mas sim que recordem o Natal com quem os ama.
    Quanto ao estado que temos, nada direi que o defenda. De qualquer forma, o povo português é maioritariamente um país católico, pelo que facilmente o Papa será figura de destaque e não o Dalai Lama. Aqui em França a mistura de religiões é tal que este ano as cidades não fizeram os habituais presépios nas praças para não ofender ninguém. Em Portugal, esta questão nem se coloca e sinceramente não me choca. Mas também não acho que deva ser o Estado a participar em visitas do Papa, mas sim a Igreja.
    Quanto às prendas, confesso que a última coisa em que penso quando as dou é em Jesus. :) Penso no quanto gosto daquela pessoa, penso se ela gostará da prenda, penso que é mais um momento a recordar. Mas tu sabes que eu vivo a minha religião à minha maneira: não me benzo quando entro numa igreja, não vou a missas, trato Deus por tu, acho parvas e ultrapassadas algumas ideias da Igreja, acredito que Jesus tenha existido mas não como um filho de Deus, vejo a Bíblia como um romance. Mas esta é a minha fé, que eu sinto de forma real e sincera. :)
    P.s. Em relação aos bar mitzvas, a razão é mesmo essa: Portugal é maioritariamente um povo católico, habituando-se por isso a celebrar o Natal, a Páscoa, etc. E o mercado aproveitou-se obviamente disto e tornou estas festas em épocas de consumo.

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    1. Mas é aí que se prende a minha questão: o cristianismo é praticado sem o ser porque se tornou em algo maioritário ao ponto das pessoas fazerem porque sim, sem se questionarem. Os meus pais admitem que me batizaram porque se batizam todas as crianças. Apenas isso. Então e a fé? Não faz sentido. O país é maioritariamente católico porque também é maioritariamente provinciano. (A minha veia de historiadora a falar, já que tive uma professora que insistia em combater a minha aversão ao catolicismo dando-me documentação sobre o tema). O Humberto Delgado pretendia acabar com os terços nas salas de aula (não conseguiu, sempre tive aulas a olhar para um), tornar o Estado isento de qualquer partido religioso (não conseguiu). Acho acima de tudo perigoso as pessoas fazerem coisas porque sim, sem ponderarem. Afinal, se assim fosse, se não houvesse gente a questionar-se e a entender que certas coisas não batem certo, eu ainda teria um negro aqui na sala a abanar-me. Gosto da revolução do pensamento. É bom tratar Deus por tu, é sinal que pelo menos crês nele e conversas com ele, que o procuras quando sentes necessidade. Isso eu respeito. Agora tradições só porque sim, porque SEMPRE foi assim, não vale a pena questionar, porque todos o fazem assim... não! A páscoa então... supostamente, é um dia ambiguo, morre e ressuscita Cristo, ascende e afins e quem se lembra disso? Acho os católicos demasiado superfluos e confusos. Tenho amigos de outras religioes e levam a coisa a sério, com mais respeito. Mesmo não partilhando a crença deles, consigo ver que se dedicam a ela.

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  5. Logo à partida, a Igreja é bastante incoerente: dizem-nos que devemos ir à missa pois é a casa de Deus, mas também nos dizem que este é omnipresente, dizem-nos que Deus não julga mas temos de nos comportar de certa forma para lhe agradar, devemos respeitar o próximo mas a própria Igreja não respeita as mulheres ao ponto de lhes reconhecer a capacidade para exercer cargos iguais aos dos homens na própria igreja, etc, etc, etc. Isto leva a que muitos (eu incluída) acreditem em Deus mas pouco na Igreja.
    Nunca tive terços nas salas de aula, confesso. =S E não consigo combater a tua veia de historiadora pois nunca me interessei o suficiente pela religião para a estudar devidamente. :) Gosto de acreditar em Deus, gosto de fazer certas coisas (como casar pela Igreja, baptizar um dia os meus filhos) porque me sinto bem, da mesma forma que não faço outras (não me confesso, não como a hóstia) porque não me sinto confortável. Mas se calhar eu e tantos outros aos teus olhos não seremos verdadeiros católicos. :) Mas se por um lado achas que os católicos são confusos e supérfluos por fazerem as coisas porque sim e por nem se lembrarem devidamente de todas as regras da igreja e suas comemorações, por outro achas se deve revolucionar o pensamento e não obedecer cegamente aos mandamentos de uma Igreja. Em que ficamos? :) Acho que continuarás a achar o catolicismo demasiado caótico e confuso enquanto achares que todos os católicos devem guiar-se por todas as regras, e não apenas por algumas. Coisa que no fundo praticamente toda a gente faz, Raven, quer na religião quer no seu dia-a-dia. Enquanto reikiana (exemplo um pouco ao lado, uma vez que não é uma religião), não deverias praticar todos os dias (corrige-me se estiver enganada porque sou leiga e pouco interessada nestas coisas, confesso :))? Se não o fizeres, deixas de o ser? Eu também conheço pessoas de outras religiões e que quebram regras impostas por essas mesmas religiões. Da mesma forma que acredito que há católicos que seguem as regras da Igreja segundo todos os seus mandamentos e crenças. :)

    (esta discussão é um pouco injusta para o meu lado =P uma vez que tu te interessas mesmo por compreender as coisas e as estudas, enquanto que eu, mulher da ciência, encolho os ombros no que toca a fé, sei no que acredito e não me interessa mais nada. Mas acho piada a esta troca de argumentos :)).

    No que toca ao Natal, para quem não acredita em Deus, esta época é efectivamente uma época de família e prendas. A origem do Natal é e será sempre religiosa, mas o significado que lhe é dado hoje depende das crenças de cada um.

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    1. As "discussões" são sempre saudáveis! ;)
      O Reiki é uma terapia complementar comprovada e aceite pela Organização Mundial de Saúde. Portanto, os enfermeiros não deixam de o ser se não exercerem. Não é uma filosofia nem uma religiao.
      Claro que por trás tem todo um pensamento de bem estar fisico e mental mas nada de mais. Trabalhamos em hospitais e clinicas, não em templos.
      Eu entendo que cada católico vá adaptando para si as regras da igreja enquanto uma instituição polémica que é. Mas as suas datas chaves, com ou sem instituição, já existiam e teem um significado por trás. É isso que critico. Que o Natal seja comemorado por pessoas não catolicas, não me faz sentido. Eu não o sou de todo, com ou sem regras adaptadas a mim. Por isso não o comemoro. E faz-me confusao que pessoas que admitem não ser crentes, muitas até ateias, se juntem, tirem dias de folga e adorem a época. É estranho! Soa-me a "não acredito em nada disto mas é uma forma de ter férias". É triste... eu não sendo catolica acho que se deveria dar mais valor e ter respeito por estas festividades e por quem realmente as vive. Quanto ao batismo, tocaste num ponto fulcral na minha opinião sobre católicos: as outras vertentes do cristianismo, nomeadamente as versões ortodoxas e protestantes, batizam as crianças após a adolescencia e após os fazerem ler a biblia para terem a certeza que compreendem a religião e que querem, de livre vontade entrar. Então, porque se batizam, no cristianismo, criancinhas que nem sabem o que aquilo é? Tipo eu.

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