quarta-feira, 4 de março de 2015

E após o 1º dia…

… só peço a Deus, ao Universo, que não me deixe perder a fé nesta crença:


O ambiente é regular (somos 7 mulheres, só mulheres; desconfio de ambientes destes), as funções são básicas e monótonas, os clientes afáveis, a cozinheira é parva e parece querer que eu me sinta a mais, o tempo passa a correr, são muitas horas de “corre corre”.
Resultado: dói-me tudo, estou exausta, só quero ver um filme e hibernar e, acima de tudo, quero outro emprego! Sou uma pessoa directa e de extremos, ou adoro ou detesto e, pela primeira vez na vida, encontrei um trabalho que não me diz nada. Nem de bom nem de mau. É um ambiente normal, funções normais, nada de mais, tudo sem sabor e ali está o meu cérebro universitário a servir cafés e almoços. As funcionárias são as mesmas desde à 11 anos. Nos tempos que correm, um emprego assim tão estável é considerado um tesouro mas para mim, estabilidade em troca da minha inteligência só irá gerar frustração.
Estou muito desanimada mas não quero valorizar muito este sentimento, afinal foi só o 1º dia. Dentro de uns 3 ou 4 dias mais vos direi. Mas neste momento, sinto que entrei para uma armadilha, um daqueles trabalhos raros em estabilidade, em qualidade de vida (dinheiro) que acabará por me fazer sentir na obrigação de me considerar sortuda ainda que infeliz. Sinto que acabei de castrar os meus impulsos e sonhos.
Só quero acreditar que isto seja uma fase, que o meu verdadeiro caminho irá aparecer em breve.

6 comentários:

  1. Será uma fase até decidires que não queres mais. Não te sintas castrada. E os proximos dias serão melhores.

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  2. Lembra-te de uma coisa, nós trabalhamos para viver, não vivemos para trabalhar... ok, o trabalho não te diz nada, mas permite-te ter a tua independencia e organizares a tua vida até aparecer melhor...
    Para além disso, acabarás por criar empatia com alguns clientes, e daqui por um tempo já vais estar tão rotinada que já nem vais notar esse sentimento (e nisto falo por experiencia própria)...
    Continua a procurar que alguma coisa melhor vai aparecer, mas até lá vais ter mais qualidade de vida...

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    1. Timido, o teu comentário reflete COMPLETAMENTE o meu medo. Eu tenho medo que começar a achar que só porque ganho bem tenho então qualidade de vida, logo deveria bradar aos céus e sentir-me afortunada. Tenho muito medo de cair nessa armadilha, nessa sub-felicidade, como diria um autor portugues, de achar que lá porque consegui o que a maioria considera bom devo obrigatoriamente considerar-me feliz. Ganhar bem não é importante pra mim. Ficar-me-ia por um salário minimo se gostasse realmente do que faço. Estar rotinada com servir cafes e torradas... provavelmente sim, o que no meu caso significará a morte. Sou aventureira, se amanhã me oferecessem emprego na China já estava a fazer as malas, então pensa: servir cafes durante meses, anos... seria um suicidio intelectual, seria castrar todas as potencialidades que há em mim. Espero não chegar ao cumulo de me fazer tamanha monstruosidade.

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    2. Como também te disse tens é que continuar à procura...
      Vais encontrar algo que te satisfaça, mas até lá tens que sobreviver, tens que pagar as tuas contas...

      Vai correr tudo bem...

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  3. Não vejas esta fase/emprego como uma coisa permanente. Acreditas que eu já me vi feliz num ambiente de trabalho, a gostar daquilo que fazia, das pessoas com que trabalhava e mesmo assim dizia "Um dia vou sair daqui a fazer outra coisa!". Nada de impede de sonhar. Vê este emprego como a ferramenta que te vai permitir não regressar a casa da tua mãe, como a ferramenta que te vai permitir continuar a conquistar a tua independência, até chegar o momento de estares pronta para outro desafio. :)

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    1. É assim que tento pensar agora Tete. Tento ver isto como uma fase. A chefe falou-me num contrato de 8 meses e depois logo se via, mas frisou que á partida, se todo o staff está lá desde que a casa abriu, há 13 anos, eu ficaria igualmente. Até estremeci. Vou juntar dinheiro estes 8 meses, vou ganhar bem, vou aproveitar para viver mais desafogada, comprar uns mimos e manter-me alerta sobre novas oportunidades.

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