quinta-feira, 21 de maio de 2015

Diz o Destino que lhe chama "redirecionar"


Hoje acordei nostálgica. Assim! E comecei a pensar nos últimos anos da minha vida, nas decisões tomadas e nos acasos que surgiram.
Quando criei este blog estava no último ano de univesidade e os meus textos mostram já animosidades com o meu Pai. Um mês depois da criar o blog, rompi com o meu Pai e estivemos 4 anos sem nos falarmos. Abandonei a Universidade no último ano, fui trabalhar para Madrid e Marbella, voltei a Portugal, à terrinha, a casa da Mãe e apaixonei-me como nunca antes. Ali fiquei estagnada, respirando amor e stress, durante 3 anos. Tive empregos de merda, cheguei a ganhar 250€ mensais. Comecei a tirar a carta, a qual até hoje está parada. Comecei a planear um casamento. Iniciei-me em Reiki e meditação (descobrir que eu, ateia confessa, afinal tinha um lado espiritual bastante elevado; esta descoberta mudou-me do avesso). Adoptei o Eros na fase mais negra da minha vida. Soube o que era uma depressão. Passei por meio ano em que nem me reconhecia. Sofri por amor, modifiquei-me por amor; todos esses clichets que ja sabemos de nos perdermos no outro, deixarmos de pensar claramente e cometer loucuras atrás de loucuras. Rompi um casamento, mudei de cidade, recomei. Estava num emprego que gostava mas faltava-me algo, só não conseguia identificar o quê. Reduziram-me a carga horária e o salário e fui forçada a procurar outro emprego. Em 9 dias arranjei outro. Hoje, passados 3 meses, estou farta daquilo e sei bem o que me falta e o que desejo. Decidi voltar ao passado, a estudar.
Olhando todo este caos consigo ver um padrão. Eu que fui concebida desde pequena para ser Doutora, licenciada, Mestre e afins, menina do papá cheia de dinheiro, consegui perceber o que eram valores morais e quebrar com isso tudo. Andei então à deriva, a experimentar ambientes novos, a vida de crescida, trabalhos e pessoas, perdi-me no amor (inevitavelmente todas as historias têm de ter romance, não é?) e agora, depois de saber o que é ser fraca, sentir-me perdida, destroçada, após muitas lagrimas, após descobrir que a vida é mais do que isto, que a espiritualidade é algo muito presente em mim, volto ao inicio. Volto a 2011. Volto a querer estudar, sem namorado, só eu, novamente centrada mas agora com os meus desejos e não os de uma familia idiota com dinheiro e obcecada com status.
Eu acredito no Destino. Não numa coisa fixa que nos faça ficar sentados à espera que ele chegue. Mas acredito que nascemos marcados para algo e que temos de percorrer esse rumo. Agradeço todas as provações que passei, se não tivesse conhecido o meu lado mais negro e fraco não saberia hoje erguer-me tão bem, se não me tivesse perdido, não saberia encontrar-me. Só há luz porque há escuridão, nunca se esqueçam disso.
Agradeço sobretudo ao Destino o seu sentido de humor. Fazer de mim, dondoca cheia de papel, criada a achar que o dinheiro tudo compra, uma empregada domestica em Madrid foi muito bom. Marcou sem dúvida um ruptura nos meus pseudo-valores para além de errados.
Obrigado, Vida!
E voces? Já se perderam para viver mais?

3 comentários:

  1. Já passaste por muita coisa, não ficas entusiasmada com o que poderá vir a seguir? de bom ou de mau?
    Vivemos de ciclos mas chegará uma altura em que quebramos esse ciclo e avançamos simplesmente, o desconhecido é certo,mas com ele adquirimos conhecimento.

    Não sei ao certo o que queria dizer, acho que era que quero continuar a "ver-te" crescer.

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  2. Mais ou menos. Não da mesma forma que tu. Eu segui a vida que sempre me pareceu normal a mim e aos meus. Fiz os estudos como deveria, entrei na Universidade como deveria, arranjei trabalho, namorei, casei, estou grávida...Estou é o meu percurso e nunca pus nada disto em causa porque sinto-me bem com ele.
    Mas "perdi-me" no sentido de uma ou outra vez a vida me ter dado uma estalada valente (duas vezes, para ser mais precisa) e me ter feito reconsiderar a maneira como a vejo, demorando um pouco a "encontrar-me" e a saber lidar com a nova visão. Não alterei o meu percurso mas sim a forma como lido com a vida.

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