segunda-feira, 20 de julho de 2015

Bruxas, nudismo e esquizofrenia (parte II)

No meio de tantas tentativas por parte da Vida para que eu tenha vida amorosa, eis que aconteceu o mais absurdo. O rapaz que conheci na explicação, o único aluno rapaz, com menos 3 anos que eu, decidiu que se sentia atraído por mim. Eu gosto muito dele desde o primeiro dia. Não é português, vive cá sozinho, a familia está noutro continente, nunca recebeu carinho ou apoio. A familia nunca lhe telefona, ele tem uma carencia enorme em relação à mãe e ninguem o apoia, ainda lhe perguntam para que quer estudar se sempre foram pobres e ele nunca será nada.
Dói-me que ele, com 23 anos, tenha dormido com mais 4 pessoas numa só cama, que tenha tomado banhos de caneca. Ganhei-lhe um carinho muito grande, sobretudo ao vê-lo lutar só, cheio de determinação e garra. Uma vez peguei-lhe na mão, disse-lhe o tanto de capacidade e inteligencia que via nele, e ele emocionou-se.
Conheci-o, portanto, em Abril mas só no contexto da explicação. Nunca falamos fora dela nem nos encontramos. Acontece que, naturalmente, surgiu uma saida em grupo à noite. Conheci os amigos dele e demo-nos todos bem. Ele trabalha num bar e eu comecei a frequentar aquele sitio. Começamos a falar mais. Ele foi-se abrindo comigo e as conversas eram cada vez mais profundas e pessoais. Da minha parte também. Começamos a beber café. Mas sempre tudo na boa, como uma bonita amizade a florescer. Eu vejo-o como um "menino perdido amoroso". Mas, resumindo: ele desconta a carencia da Mãe no sexo, todas as noites tem uma diferente, só mesmo para sexo e tem medo de sentimentos (por más experiencias). Ele já fez uns trabalhos como modelo, é bem bonito acima da média mas ainda assim nunca o vi com esses olhos. Nas vésperas de sairem as notas dos exames nacionais, ele ligou-me, nervoso, a pedir para vir a minha casa desabafar e ver um filme. Trouxe pizzas e pipocas. E até esquecemos o filme, de tanta conversa que tivemos. Vou ser o mais breve possivel: ele tentou. Agarrou-me, tentou e o meu cérebro parou "Então mas o "menino perdido amoroso" vê-me como femea disponivel?". E fiz o que faço sempre: pensar muito e disparar as palavras. Meti um travão no moço e comecei a explicar que nananinão, não ia acontecer nada, eu não o vejo desse modo e mesmo que visse não sou de aventuras. Sexo por sexo não me diz nada, não sou assim e discursei 1h. Quando dei por nós, estavamos deitados na minha cama a fazer festinhas no cabelo um do outro a partilhar anteriores experiencias amorosas.
Depois prometemos que isto ficaria entre nós e que a nossa amizade bem recente não mudaria, só cresceria. E assim foi. Este episodio foi há uma semana e estamos ainda mais proximos, brincamos mais e sentimo-nos mais à vontade (mal por mal, sinto-me à vontade para dizer tudo a um gajo que me apalpou as mamas).
E até aqui estava tudo bem (estranho mas bem), não fossem todos os nossos amigos e colegas andarem a perguntar-nos se dormimos juntos porque notam "uma quimica, uns olhares e algo de sentimento".
E eu, que não o via com nenhuns olhos, já me questiono se sou vesga porque começo agora a reparar que ele é giro, sim. E tenho questões, litros de questões porque este cérebro não pára: estará ele a confundir a carencia? É que eu dou-lhe mesmo muito apoio e carinho. Estará mesmo a ter sentimentos por mim ou sente conforto perto de mim porque sabe que o apoio?
E de repente lembro-me que no ano passado saí de uma relação de 3 anos com data de casamento marcada e não sei se estou preparada para lidar com sentimentos novamente e fico cheia de frios na barriga.

1 comentário:

  1. A vida é um desafio,nunca sabemos se estamos a dar o passo certo se não tentarmos :)
    Pode estar a ver em ti alguém que nunca teve, porque não dar uma oportunidade ?
    Beijinhos e que tudo corra bem

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