domingo, 24 de janeiro de 2016

The Notebook: a realidade nada cor de rosa

Todas as mulheres adoram o filme "Diário da Nossa Paixão". Todas acham aquele amor desencontrado entre duas pessoas vindas de mundos opostos a coisa mais linda de sempre. O poder do verdadeiro amor, dizem alguns. Mas e a verdade? Quão difícil é ouvir uma coisa destas?


"Tudo pelo amor!". Tretas! Eu sempre achei e mantenho-me firme na opinião de que o amor é 40% numa relação. Os outros 60% são os verdadeiros pilares, como confiança, amizade, respeito. Porque amores há muitos, de vários tipos, até doentios e violentos.
Neste momento estou a viver este filme. E se no ecrã me pareceu amoroso, vejo agora o difícil que é ter uma pessoa completamente oposta a ti a dizer isto, "Nunca será fácil, vai doer, magoamo-nos porque somos opostos mas vai valer a pena porque não duvido que te quero". Bonito? Diria duro.
Ele acha que o amor deve prevalecer sobre toda a dor, toda a mágoa. Afastamo-nos, atacamo-nos incansavelmente durante 1 semana, fomos desagradáveis, prometemos nunca mais olhar para a cara um do outro e à mínima casualidade do Destino, esbarramo-nos e acabo com ele a chorar com voz de menino, a dizer "Sei que não sou fácil, que expludo mas é tudo porque não te quero perder e não me sei expressar nunca da melhor forma. E eu prefiro estar aqui a humilhar-me, a chorar, a dizer que te adoro do que perder-te por orgulho".
Tenho um tipo com 1.90m que explode fácil, acha que gritar alivia, deixa-me doida (detesto gente com necessidade de gritar, acho que transmite violencia a mais) mas que quando eu eu digo BASTA e saiu porta fora, vem a correr abraçar-me e diz "Entende-me! Não sou como tu, não consigo simplesmente falar. Eu preciso gritar que estou mal. Sou assim! Mas grito porque extravaso assim e significa que me importo. Significa também que te quero do meu lado". Este homem é do tipo que sente ciúmes, atira-me birrinhas à cara e quando desligamos o telenovela chateados e eu só digo adeus, em 5min volta a ligar, ainda magoado mas já com voz doce, para dizer "porque é que ao desligares não disseste adoro-te?". É um meninão grande com bom coração mas com tanta revolta. Com um passado duro, de colégios internos militares desde tão criança, desde que o pai se suicidou e ficou perdido. É tão crente, conversa todas as noites com Deus mas aquela revolta latente... vem sempre ao de cima! E eu vou tentando entender, compreender, falar... e às vezes resulta, outras não. Resulta quando eu ignoro as birras e as frases mal ditas para ver se me sinto atingida e passado 20min já está tudo bem, dá-lhe forte mas passa rápido. Agora também eu me sinto realmente atingida às vezes. E dói.
Mas há sempre aquele ar, aquele olhar e lá vem ele com o cabelo despenteado, dizer quando discutimos "Deixa-me estar chateado mas eu adoro-te na mesma".



Tanto que já nos dissemos num mês...
Eu, trabalhadora estudante, a viver do meu suor a vários anos, vinda do interior do país. Ele, menino rico, que vive das heranças.
Eu, sempre a falar baixo, calma, observadora.
Ele, sempre a gritar, a explodir, a indignar-se com o mundo.
Em comum? Só o amor pelos animais e pela espiritualidade.

7 comentários:

  1. Raven

    Se fosses minha amiga e me contasses o que aqui contas, eu dir-te-ia: Foge! Deixo-te aqui as minhas razões:

    1. Eu e o Jack somos de mundos opostos. Eu sou menina da cidade, a quem as coisas foram sendo pagas sem sequer pedir (carta de condução, carro, curso, viagens...). O Jack é de uma aldeia e emigrante, teve de trabalhar desde cedo para ir podendo pagar as suas coisas. Os nossos mundos são tão diferentes que o pai do Jack quando me conheceu decidiu avisar o filho que o namoro não aguentaria porque eu seria demasiada areia para a camioneta dele. No entanto aqui estamos, sem dores, sem nos magoarmos um ao outro. Por isso não posso concordar que seja difícil e doloroso o amor entre duas pessoas de mundos opostos. É fácil se se reconhecerem as diferenças e se as aceitarmos.

    2. Não compreendo como é que já se magoaram tanto num só mês, quando é exactamente no início que as relações são ainda tão cor-de-rosa. Se discutem assim agora, o que vos espera no futuro quando as diferenças forem cada vez mais notórias?

    3. Raven, Raven, ele grita porque assim mostra que se importa contigo? E então? Daqui a pouco dá-te uma sova porque assim mostra que te ama, não? Esquece Raven. Se ele se importasse verdadeiramente contigo não gritaria. Disseste que acreditas que nos 60% que não são amor existe o respeito. Achas que ele gritar contigo é respeitar-te? Eu sou como tu, odeio gritos, não vejo a necessidade, acho estúpido e acho que só grita quem não tem argumentos. Nunca se berrou em minha casa e por isso sei que nunca admitiria que um homem gritasse comigo. Disse-o ao Jack quando começámos o namoro e ainda hoje ele me diz que por me amar tanto sempre teve o cuidado de não gritar e sim de argumentar e discutir calmamente comigo as coisas. Respeita-me.

    4. Se ele precisa de extravasar que arranje outra maneira. Todos nós arranjamos, ora essa. Ele que jogue jogos de computador violentos em que tem de matar não sei quantas pessoas, ele que vá rachar lenha ou correr. Agora gritar contigo? És o saco de boxe dele ou quê?

    5. Fica chateado porque desligas sem lhe dizer que o adoras? E no futuro...também ficará chateado por usares certas palavras, vestires certas roupas, falares com certas pessoas...? Se estão chateados é mais do que normal que naquele preciso momento não o adores e ele tem mais do que aceitar isso, principalmente se te chateaste por culpa dele.

    (continua)

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  2. 6. Não quero mesmo insistir que ele vai ser violento (até porque não sei mesmo) mas já viste que ele tem o típico comportamento de marido abusador, não já? Explode, pede desculpas, explode, pede desculpas, explode e tenta culpar-te a ti porque não acreditas tanto no amor como ele (no fundo, como as mulheres que apanham uma sova. Eles não querem bater-lhes, elas é que os obrigam a isso!), pede desculpas, chora, explode...
    "Dá-lhe forte, mas passa rápido.". Consegues ver o perigo desta frase?

    7. Quando se gosta verdadeiramente de alguém não se dizem coisas para magoar.Tens a certeza que ele gosta mesmo de ti? E tu mesmo dele?

    8. Não o desculpes por causa do seu passado, Raven. Muitas aguentam que os maridos lhes batam porque coitadinhos o pai deles também lhes batia, porque tiveram infâncias difíceis, porque gostam de beber, porque a mãe gostava mais de outro filho, porque sofreram de bullying. Ele pode ter tido a pior infância de todas que isso não é desculpa para gritar contigo. E não uses como desculpa serem de mundos diferentes por isso é apenas uma desculpa. E se fossem de mundos iguais, o que inventarias para desculpar a maneira como te trata?

    Assume isto: tens uma relação com um homem que não te respeita o suficiente para não gritar contigo, seja ele e tu de que mundos forem. Agora tens de perceber se pretendes isto para ti ou não. Há pessoas que procuram outras que tenham problemas, que gostam de relações onde tudo é uma dificuldade, mas nesse caso assumem a sua escolha e sabem que a vida de casal não será apenas de amor e felicidade, mas também com dor à mistura. Agora, sinceramente e no meu entender, se o que queres é uma vida com alguém em que não haja dor, apenas amor, respeito e felicidade, não é ele a pessoa certa. E acho que daqui a uns tempos estarás infeliz, a tentar acabar esta relação e a ver-te numa alhada. <=)

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    1. Não estás a insistir :)
      Grata pelas palavras. Eu entendo-te. Acredita. A primeira vez que lidei com uma pessoa assim, amigos inicialmente, pensei tudo isto. O meu melhor amigo era uma pessoa assim e lembro-me de quando o conheci ter todas estas opiniões e nunca ter ido com a cara dele até as circunstancias da vida nos aproximarem de outro modo e eu entender outras coisas de novas formas.
      Eu nunca me altero. Ou melhor, se o fizer, sou aquela pessoa que se isola, chora e passa. Não "chateio" ninguém. Mas a maioria das pessoas que conheço sao intempestivas, "viram a mesa" e regra geral, fazem-no por serem genuinas e pouco racionais. Mas costumam ter os melhores corações. Sempre com sensações à flor da pele.
      Da minha experiencia, com amigos / as e namorados, quem mais grita é quem mais precisa de um abraço e se sente atacado e inferiorizado. Um dia pode correr mal esta minha teoria comprovada até à data, não digo que não. Mas nunca conheci uma pessoa com estas caracteristicas que realmente fizesse algo e passa-se das palavras e do stress para algo. De todos os modos, não estou numa relação. Vamos estando juntos quando queremos, quando podemos, se der deu, se não der... a vida continua.
      Mas ela ensinou-me a mudar a opinião que tinha exactamente igual à tua e ver as pessoas que explodem como alguem com potencialidade de se estabilizar se conseguir a orientação certa.
      Como a minha prof de sociologia me disse recentemente num mail (passo a copy paste de ego cheio): "Raven, tivesses ido para sociologia e serias uma entendida das melhores na área. Nunca julgas e entendes que a normalidade não existe. Cada pessoa é uma causa e consequencia que pode ser jogada. E a função da tua futura profissão é essa, construir pontes e não muros de incompreensão. Parabéns pelo percurso". Estas palavras valeram tanto a pena... eu serei sempre assim. Nunca vejo um problema de caras. Tudo pode ser desconstruido. Se não puder... nao tinha de ser! ;)

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    2. ps: sei que és super ponderada e fazes MUITISSIMO bem. Mas, e sei que não vais provavelmente entender isto que vou dizer, as minhas relações com homens intempestivos e intensos são as minhas melhores recordações. As que deixam mais saudade quando terminam. Mas as melhores memórias. E duram o que têm de durar. A vida tem ciclos. Quando têm de se fechar, fecham. A relação mais dificil de lidar que tive foi justamente a mais importante porque derivado a inúmeras coisas que foram correndo mal, ao mesmo tempo, por essas mesmas coisas, outras incriveis iam sendo arrastadas para dentro da minha vida. Actualmente há coisas importantes que fazem parte de mim e do meu dia a dia que as devo completamente a uma relação terrivel que tive. Com um homem mil vezes pior, mais intempestivo que este e que depois de passarmos pela vida um do outro, mais nenhuma mulher o achará intempestivo, crescemos imenso um com o outro.

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    3. Nós somos realmente muito diferentes. :) No fundo, como eu dizia, tu procuras numa relação exactamente o oposto daquilo que eu procuro. Lembro-me de há uns anos estar a tentar definir o amor que sentia pelo Jack e a palavra que me veio logo à cabeça foi "fácil". É fácil gostar do Jack, é fácil amá-lo, é fácil conversar com ele, é fácil estar com ele, é fácil viver com ele. Sei que quando estou com ele não terei de lidar com gritos e cenas de ciúmes e inseguranças, sei que quando falo com ele não tenho de estar a pensar que tenho de lhe dizer "adoro-te"....
      Não conseguiria estar com alguém como descreves, simplesmente porque acharia que aquilo que ele faz é uma falta de respeito, por muito doce que seja, por muito potencial que tenha, etc, etc....:)
      Mas compreendo que haja quem acharia o tipo de relação que tenho demasiado "pacífica" (bem vejo por amigas minhas que precisam de encontrar dramas onde eles não existem :D ).

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  3. Raven, nem parece coisa tua. Gostas assim tanto dele que mereça a pena tanta entropia na tua vida?
    Eu também não sou de gritos e de tempestades, prefiro conversar com calma e deixar a situação acalmar. Concordo em parte com o que a Tété te disse mas também sei que há pessoas que merecem o esforço. Só me pergunto é se sabes ao que andas!
    Um grande beijinho*

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    1. Estamo-nos a conhecer. Sem stress, sem compromisso, sem algo concreto. Deixar andar e logo se vê. Obrigado pela preocupação :)

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