terça-feira, 1 de março de 2016

Confissão I

No Diário da Nossa Paixão eles ficaram 7 anos sem se verem, certo?
Pois nós fomos mais rápidos a chegar ao interregno de 7 anos.
O senhorio intenso foi-se. E eu descobri que claramente tenho um tipo de homem. Sinto-me sempre atraida pelo Bad Boy de passado dificil que puxa a minha psicóloga interior. Acabo sempre com um tipo que fala alto e tem temperamento forte na eterna expectativa de o mudar. E é justo mudar alguém? Até que ponto o que me faz gostar da pessoa não é aquilo que ela poderá vir a ser e não o que realmente é?
O senhorio doidão fez-me entender o quanto mudei e madurei. Entendo porque entrou na minha vida.
Depois de situações dificeis, todos nós dizemos ter mudado e aprendido mas a verdade é que só o poderemos saber depois de sermos novamente testados. Como eu fui agora. Percebi que o senhorio sexy por mais que mexa comigo, por mais que tenhamos uma ligação e quimica inegáveis, interiormente não é o meu homem. Se cada beijo dele me fazia estremecer também os gritos me faziam estremecer que surpresa e choque.
Ontem vi umas cenas do reality show A Quinta em que discutiam se existia ou não violência doméstica nas discussões de dois casais lá da casa. E alguém disse assim "Eu só vejo ofensas verbais. Não vi violência". Vocês não sei, mas eu considero falta de respeito e abuso verbal violências graves. E nesta breve relação dei por mim a ter um tipo de 1.90m a fazer-me peito, a gritar, a dar-me ordens e a fazer-me cenas de ciumes do género "Olhas-te para aquele tipo porquê? Deste-lhe confiança visual. Ele agora vai achar que queres algo com ele" (sim... isto aconteceu mesmo...). Ou eu explicar-lhe que cada um dá o que tem por dentro, que vemos sempre o mundo como somos e não como ele é, para que entendesse que se desconfia de tudo é porque vem de um mundo onde já foi muito traido ou traiu, e que reagir a tudo com gritos e ameaças não é normal e ouvir como argumento "Eu grito porque tu não entendes! Eu grito porque tu és burra. Eu grito porque me tiras a paciencia!". Gente deste país, um alerta: NUNCA PERMITAM QUE ALGUÉM VOS DESTRATE E DIGA QUE SÃO VOCES OS CAUSADORES DESSA SITUAÇÃO! Invertam os papeis se for mais fácil. Eu sei que se considerar alguém burro ou irritante, simplesmente evito essa pessoa, não estabeleço grande contacto com ela. Não vou nunca sentir necessidade de lhe gritar e evidenciar as coisas negativas que sinto a seu respeito. O senhorio louco também me disse várias vezes como eu deveria agir e pensar. Porque aquilo que eu sentia era demasiado errado ou chato. Se chorava era uma fraqueza insuportável que o Colégio o ensinou a evitar (numa discussão gritou-me um estatuto qualquer do Colégio Militar). Portanto... também não podia ser eu quando estava com ele. Estar na Universidade com 27 anos? Que ridículo! Dizia-me o orgulhoso rapaz da minha idade que vive de rendas e joga consola todo o dia. Pedia-me até para não ir trabalhar e ficar com ele. A fazer? Na cama. Ou a ver tv. Porque nem para passear ele tem vontade. Diz que está a espera do verão para passar os dias na praia.
Falava-me em viagens e ficava louco quando eu respondia "Tenho de ver as férias, trabalho".
Um dia acordei com uma das minhas enxaquecas que me fazem ficar de cama com vómitos. A reação do moço? "Vai ao wc vomitar, arranja-te e vamos passear. Quero sair. Não vou ficar em casa por tua causa".
A gota de água? Quando tudo acabou mas mesmo assim ele tentou levar-me para a cama com o pretexto que se nos damos mal só a relacionar-nos podemos ficar numa de fuck friends e aproveitar o ponto em que nos damos bem. E quando eu respondi não tentou na mesma beijar-me. E quando eu voltei a dizer não, argumentou "Como não? Estás a minha frente com umas calças justas e um decote é porque queres. Não te faças de santa". E eu respondi "Claro, e as mulheres são violadas porque saem à rua de saia". Ao que o senhorio louco me gritou "Estás-me a chamar violador?!? Não tens educação! Não tens respeito! És uma atrasada mental. Sai já da minha frente e não fales para mim nunca mais!", entre outros gritos.
Volto a reiterar: para mim, isto foi uma pequena experiencia de violencia no namoro. Opressão. Foi o mês mais longo e stressante da minha vida amorosa.
Para ele eu terei sido sempre a miuda infantil porque cm 27 anos está na universidade, a miuda estranha que não quer ter bebes e casar já estando a ficar velha, a rapariga que lhe dizia coisas que ele não compreendia e era fraca porque chorava e era emotiva, a rapariga que o tirava do serio e justificava assim qualquer reação dele.
E dizia o Daniel da Quinta "Sei que é horrivel as coisas que digo à minha namorada. Mas não as tirem de contexto. Eu digo-as a meio de uma discussão!". Claro... curioso que eu quando discuto com alguém dialogo. E se for impossivel retiro-me. Não vomito ofensas contra ninguém. Sou sempre eu mesma, com a minha essencia, seja a bem ou a mal. Não me transformo num mostro e meto a culpa nos outros.
Posto isto. obrigado senhorio do mal por me fazeres ver que mudei mesmo depois do João, o qual tentei mudar durante 3 anos e só serviu para me desgastar. Não volto a cair nessa.


5 comentários:

  1. Isso é uma total falta de respeito, é o que é. Sexo pode ser bom, química pode ser excelente, mas o amor é o único que faz tudo valer a pena.

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  2. Oh, Raven, acho que a frase "Eu bem te avisei" nunca fez tanto sentido...

    Tu fazes-me lembrar uma amiga que quer à força um namorado romântico (nada contra, eu também quis) mas apaixona-se sempre por homens que não o são e tenta fazer com que eles sejam. Tu és igual: apaixonas-te sempre por bad boys e depois queres mudá-los. Porquê? Não te apaixonaste por eles serem exactamente assim? Se queres homens bem comportados, não escolhas bad boys. Se escolhes bad boys, homens ciumentos, violentos, agressivos, com passados complicados, não podes depois queixar-te dos ciúmes e da violência, e querer que eles mudem. A ideia de pegar em alguém com problemas e rebelde e torná-la uma pessoa melhor e carinhosa é uma ideia muito romântica, muito linda, muito à filme, mas é preciso ver se essa pessoa quer mesmo mudar e se somos assim tão importantes ao ponto de mudar alguém.

    Sinceramente, não acho que a vida te tenha testado. :) Acho que procuras e queres realmente alguém que possas mudar. O amigo sexy era avesso a compromissos, tu sabias disso e ainda assim envolveste-te e tentaste que assentasse. O senhorio mostrou-se desde o início a pessoa controladora, ciumenta e verbalmente agressiva que era e ainda assim tu insististe em ficar com ele, em vez de dar meia volta e pensar logo "Eu mereço melhor". Tenho a certeza que a tua próxima paixão será novamente alguém com quem possas viver um amor complicado, onde haja uma série de pedregulhos a serem ultrapassados, ervas daninhas a serem arrancadas, problemas a resolver porque acho que para ti não faz sentido tudo correr bem no amor desde o início e não haver uma luta a travar. E aí não é a vida que te põe à prova. São apenas as tuas escolhas. :)

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    1. Sabia que irias dizer "eu avisei-te". Pensei logo em ti! lol
      Não me arrependo nunca das minhas opções (excepto a última talvez... viver em Lisboa está a abalar a minha fé). E acho sim que esta aventura foi uma excelente aprendizagem para me testar (causada pelas minhas escolhas, claro. Não nego). Foi um mês intenso e interessante. Um teste sobretudo à minha auto-estima. Valeu a pena o risco. E também já acabou há algum tempo. Agora é tirar o maior bem deste mal e seguir em frente.

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  3. "puxa a minha psicóloga interior"

    Se tivesses uma psicóloga interior ela diria-te que os ciclos estão a ser perpetuados por ti, que não podes mudar ninguém excepto a ti mesma.

    E, além disso, enquanto pessoa também te posso dizer que nunca nada de bom virá para quem se mete com um bad boy antes do mesmo ter decidido que algo de errado se passa com ele e antes do próprio fazer por mudar.

    Leio-te há relativamente muito tempo, volto cá de vez em quando e leio-te, mas não me recordo de ter comentado nunca. No entanto, tudo aquilo que tu tens relatado é bastante cíclico, os homens com que te envolves têm todos o mesmo perfil, ou seja, tu atrais e sentes-te atraída por esse tipo de pessoa.
    Lembro-me de te ler naquele fim-de-semana (creio) que passaste com um suposto homem que já demonstrava ter tanto de mimado como de má escolha para ti, apresentavas o dito como só algo passageiro isto e aquilo mas facto é que me parece que tu te envolves sempre, mesmo quando afirmas o oposto. Posso estar a interpretar mal - isto de ler e não estar frente a frente e não conhecer a pessoa não me permite saber se estarei certa ou errada. Mas parece-me que para o teu próprio bem, deverias rever a tua postura perante alguns relacionamentos, escolher o que é bom para ti e afastar mesmo o que não é. Muito antes de seres vítima de violência doméstica, que aparentemente foi aquilo pelo que passaste.

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    1. Anónimo /a : muito obrigada pelo comentário. A sério. A primeira frase é uma grande verdade. Sei que sou eu que gero e permito estas situações. Mas quanto ao envolvimento, desta vez, posso orgulhosamente afirmar que não o fiz. Permiti que fosse passageiro, sempre de pé atrás. Por isso a decisão de me afastar foi minha e apesar das tentativas de aproximação desse rapaz, nunca cedi. Não passo noites a pensar nele, não choro, não sinto a sua falta. Acho que foi interessante, não me arrependo, mas acredito que ele um dia vá fazer muito mal a alguém. Mas é o caminho dele e as suas opções... a cada situação ou, no caso, relação, tenho-me superado. Pelo menos penso que sim. E estou a caminhar no sentido do teu conselho. Obrigado :)

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