sábado, 2 de julho de 2016

De Itália III

Dos bons exemplos de Roma (infelizmente, já me alertaram que no resto de Itália, sobretudo a sul, o exemplo é exactamente o oposto).
Adorei ver o carinho com que tratam os seus animais. E curiosamente todos de grande porte. Cá nunca se adoptam rafeiros alentejanos nem serras da estrela e é compreensivel. Poucos possuem casas grandes com quintais e espaços bons e, tendo em conta a nossa recente legislação e preços praticados pelos veterinarios, sabendo que cada tratamento / medicação é ao peso, ficamos desencorajados. Pois em Roma só vi cães que mais pareciam burros e sempre que parava para os admirar, os donos metiam conversa comigo gabando-se de há quantos anos os tinham e contando gracinhas que costumavam fazer, os olhos transbordando amor.
Conheci o Zulu. Um cão pequeno, parecido a uma raposa. A sua dona olhou-me com desconfiança e disse logo "Ele foi abandonado, adoptei-o numa associação já há 3 anos mas ele continua medroso. Não se relaciona com ninguém, nem a minha familia. Por isso escusa de tentar". Nisto, o pequeno Zulu veio, encostou-se a mim, eu baixei-me e ele olhou-me nos olhos, cabeça encostada no meu ombro e lambeu-me. Depois puxou-me a mão e deu-me a patinha.  A dona ficou incredula e só repetia, de mãos na cabeça "Ele está apaixonado!". Foi um momento giro.
Vi muitos animais dentro de lojas de roupa e várias campanhas de rua contra o abandono.
Conheci um senhor com uns 70 anos que passeava com o seu pastor belga de 12 anos e me contou que o tinha desde bebe.
Conheci a Estina, a gatinha preta de 12 anos que ia no metro em Nápoles com a sua dona. Ia ao veterinário. Ia sentada ao colo da dona, muito curiosa, linda pantera.
E vi também que em Roma se vendiam muitas coisas relacionadas com gatos: imans, marcadores de livros, quadros, calendários aos pontapés intitulados "gatos de Roma". Uma guia local explicou-me que existem inumeras colonias, todas sustentadas pela Câmara. Os gatos são vistos como seres vivos com direito a dignidade e inclusive consideram-se um atractivo turistico. Quando expliquei que em Portugal as colonias se exterminam ou são apedrejadas, os romanos olharam-me com horror, referenciando a legislação dura que têm para o efeito. Senti-me com muito orgulho deles. Como uma romana me disse "Não se matam animais!".

Gato de rua em Roma
 
 Cães a dormirem dentro das ruinas de Pompeia


Imans

Cartaz numa loja

"Não me abandones"

Sem comentários:

Enviar um comentário