quarta-feira, 22 de março de 2017

Das grandes mulheres que somos e seremos


E parece que o grupo anda em maré de azar ou embruxado.
A A. cujo maior sonho tambem é a maternidade e a carreira, está só a ter o pior ano de todos. Psicologa de sucesso, ordenado raro, quis a vida que passasse por uma experiencia complicada num apoio a um toxicodependente que a tentou matar. Nunca mais foi a mesma. Veio a ansiedade, o medo de voltar ao trabalho, a depressão. O namorado de toda a vida, o namorado que tinha desde adolescente até hoje, aos seus 36 anos, deixou-a. Conheceu outro que... bom... digamos que mais valia ter estado quieta! Agora vive com um energumeno que sustenta, teve um aborto no Natal devido ao stress e o tipo ainda lhe diz "Mas tu não páras de chorar por causa disso?? Tambem já tens quase 40. Entende que não vais ser mãe. Posso-te dar 100€ pra ajudar na casa". E ali está ela, sufocada, sem coragem de tirar aquele movel lá de casa, sem coragem de entender que aquilo não é projecto de pai para um futuro filho, que este aborto não foi por acaso. E ali está ela, psicologa de sucesso, a trabalhar aos 36 num call center de seguros. Custa-me tanto...

A J., por sua vez, 3 semanas depois de fazer uns belos 32 anos comemorados à grande em Roma, descobriu um cancro da mama. Não foi fácil receber a noticia sem a abraçar e chorar. Mas esforcei-me. Isto foi em Novembro. Não a vejo desde janeiro. Vi agora nas redes sociais da irmã dela fotos onde já aparece sem cabelo. Nada. E com uma corajem que me arrepiou. Vi-a de passeio, carequinha, sem peruca nem turbante. Só ela, pele e garra. E quem se está a sentir frágil, a tentar preparar-se para o que aí vem sou eu...
Quero na próxima semana visita-la de surpresa, tentar não chorar e levar-lhe alguma prenda, um miminho que faça sentido nesta fase, que a faça lembrar da guerreira que é e da nossa amizade. Ideias?!? Gente criativa por aí?

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