sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

50

Hoje a minha mãe faz 50 anos.
50 anos não vividos, de todo.
E já só me resta resignar-me. E aceitar (esta parte ainda não consigo muito bem, confesso).
50 anos de uma mente imatura, a existir à sombra dos outros.
50 anos de trapaças, sempre em caça daquele subsidio, daquela pessoa que pode fazer aquele favor, daquela desculpa, daquela chantagem psicológica.
50 anos de vitimismo, do discurso "tive um filho com Trissomia", da sequela "O meu filho morreu", da trilogia "sou muito velha para curar depressões".
50 anos de uma familia a lutar com e para ela, a insistir em apoio psicológico e a vermos como nos ludibria a todos.
50 anos de discurso "Mas para quê estudar, filha? Devias ficar aqui no hipermercado ao pé da mãe como a filha da Jaquinzinha", de "Havias de estar grávida! Assim como detestas crianças, eu ia viver contigo para tomar conta dela", de "Para que trabalhas tanto? Ninguém vai ter reforma mesmo!".
Enfim...

Happy Birthday Mum

Ou como diria o teu próprio psicólogo, que já te explicou mil vezes que me estás a inverter os papéis, "Happy Birthday my child"

4 comentários:

  1. É sempre difícil quando temos que ser as mães. As vezes aqui também acontece.

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  2. Não deve ser fácil ser-se filha e mãe ao mesmo tempo - tiro te o chapéu!💪

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  3. Ao menos tens o exemplo do tipo de vida que não queres ter. :) E já agora como reagiu ela ao casamento? :)

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    1. Sem dúvida, Tete! Todos temos uma missão na vida dos outros, nem que seja ensinar os outros a não irem no mesmo caminho que nós.
      Olha... correu bem! xD
      Apanhei-a numa das suas birras em que pela 359830 vez não se falava com uns familiares, e eu contar-lhe foi encarado por ela como um confidencia, como um gesto de confiancia "só nela" e também gosta muito dele. Ficou contente.

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