sábado, 18 de abril de 2020

Do México XVII

Do choque

Reparo agora que talvez tenha passado mais tempo no México a queixar-me que a desfrutar.
Mas realmente tinha muita dificuldade em digerir tudo o que via.
As crenças que eles têm são algo que me despertava julgamento, que me incitava a apontar o dedo, que me fazia sentir superior, mais educada, mais civilizada.
Foram tantos momentos em que os quis matar, gritar se acaso desconheciam que estamos no século XXI, que perdi a conta! 

Como o dia que na cidade de Mérida, esbarrei com isto:


Maquech.
Intrigada, perguntei à vendedora que coisa curiosa era esta.
"Alfinetes de peito", dizia ela sorridente.
E seguiram-se vários minutos em que eu perguntava "Como??" e ela repetia "Alfinetes de peito".
Juro que não estava mesmo a compreender. Por momentos duvidei da minha compreensão do espanhol. 
Até que lá conseguimos sair deste caos repetitivo e ela me explicou que isto é o último grito da moda naquela região. Resumindo: pegam em escaravelhos vivos, cravejam-lhes pedras coloridas, bijuteria ou, se a pessoa for rica, pedras preciosas (com eles vivos, sim) e depois mete-se um alfinete agarrado ao bicho e... txaran! Pronto para ser alfinete de peito, andar em blusas e casacos até que inevitavelmente, morrerá de fome e compra-se outro.




Óbvio fiquei indignada!
Chamei anormal à vendedora, disse-lhe que aquilo era crime, quis esganá-la mas depois o marido lá interviu e explicou-me que ali, aquilo era legal. Que ali os direitos animais ainda eram utopia. E que ali, eu era apenas uma doida a dizer coisas que não faziam sentido a mais ninguém.
Ali eu soube o que era impotencia!

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