segunda-feira, 13 de julho de 2020

Coisas que me deixam triste

Perder amigos.
A B. é uma miúda incrivel! Doce, dedicada, boa amiga... mas consumidora de "cenas", não admitindo que tem um problema de dependencias, coleccionadora de titulos académicos e de homens, negativa, com muita falta de auto-estima.
Como amiga, sempre estive ao lado dela a dar-lhe nas orelhas. Sempre estive preocupada, sempre lhe expliquei que ela tem um problema e que estou aqui, do seu lado, pronta para a ajudar e apoiar. 
Sempre estive lá quando ela se desiludia com o amor a cada mês (fraca auto-estima tem destas coisas... a carência faz-nos apaixonar semanalmente e os iguais atraem-se; portanto a B. vai sempre esbarrar com "drogaditos"). 
Quando estive a viver no México, houve um dia que recebi uma mensagem da B. a dizer que tinha "aberto os olhos". Que agora é que sabia que eu não era sua amiga e todo um enorme testamento sobre mil queixas e pareceres seus sobre a qualidade da minha amizade. Confesso que pensei que ela estaria a explodir devido à privação de algo. E foi mesmo.
Os meses passaram, eu voltei a Portugal e com a virada do ano, após muito pensar, decidi procurar a B. 
Ela acedeu a um encontro, muito prontamente, pedindo-me desculpas e confirmando que naquele fatidico dia, explodiu comigo e com outras pessoas, devido ao stress de estar a tentar deixar de ser consumidora. 
Mas na nossa conversa, pela primeira vez, não vi a B. com olhos condescendentes de amiga. Vi-a com olhos reais e repensei a nossa relação.
A B. é tão inocente que se torna ignorante. É daquelas jovens que se levam facilmente por um André Ventura. É daquelas que diz "Isto só lá vai com um Salazar". Ou "O feminismo não me representa e são todas histéricas". É uma produção fidedigna de uma Juventude Popular. Todas estas coisinhas sempre originaram alguns confrontos de ideias entre as duas. Mas eu ia desculpando, achando até piada a ideias tão tontas naquela cabecinha adorável com um bom coração. 
Desta vez, no nosso encontro, tudo se tornou tão óbvio na minha mente. Além dos argumentos sociais do costume, ela disse-me que a nossa amizade precisava mudar; que eu precisava respeitá-la mais e não lhe impôr coisas que não lhe fazem sentido. Disse-me muito afirmativamente que ser consumidora de drogas não tinha porque ser algo mau. Que as drogas existem para serem usadas, que o que lhe causa mau estar é a privação das mesmas e portanto... porquê não as usar?!? Que se eu for mesmo amiga dela não a chateio e páro de lhe impingir conversas "desatualizadas" sobre as drogas serem más, porque até não são. E mais! Que se sou sua amiga de verdade a apoio em tudo, tudinho, que ela queira fazer. Nem que isso seja drogar-se até à overdose.
Ora pois que a conversa terminou comigo a levantar-me e a deixar claro que não, isso não é amizade. Amizade nao é passar-lhe a mão nas costas, dar-lhe uma palmadinha e dizer "Bora lá!! Chuta aí até te cairem os dentes! Força!". 
E assim se perde uma relação e, muito possivelmente, uma vida.

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