segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Dos sonhos

Toda a gente os tem. É algo extremamente importante. É o motor da alma, dos sorrisos parvos, dos olhos a brilhar, da motivação, da felicidade.
Ninguém nunca deveria ter de abrir mão dos seus sonhos. Acredito até que seja impossível uma pessoa manter-se estável e equilibrada faltando peças.
Os meus sonhos? Ajudar o próximo, pertencer a alguma organização, fazer voluntariados (de preferência em África), viver de mochila às costas, sentir-me preenchida.
Os sonhos do João? Dinheiro, casamento e filhos.
E por isto mesmo, ontem tivemos uma bela de uma discussão.
Como sabem, o João tem 30 anos. Já pensa noutro tipo de vida e objectivos, não se importava de casar já. Ora eu, jovem de 22 aninhos, quero mais é distancia dessas coisas. E não pensem que tem a ver com a idade! Porque não tem. Tem a ver com ideias, princípios e o carácter de cada um. Não posso fingir ter sonhos que não tenho. Nem que passem 40 anos, sei que nunca quererei casar. Detesto ir a casamentos, prefiro levar porrada. O que não gosto nos casamentos, perguntam vocês? TUDO. A mulher vestida de branco com uma pecita de vestuário caríssima que só se usa num único dia, a sensação de protagonismo, os pratos a bater, a música pimba, o investimento monetário naquela futilidade toda… sempre que vou a um casamento sinto-me nas marchas populares. Detesto! Tivesse eu dinheiro para gastar num casamento e era bom sinal. Guardava-o e viajava.
Filhos? Bem, só não digo nunca porque isso já é um factor relacionado com as hormonas e o relógio biológico e sabe-se lá se quando chegar aos 30 não me aparece o súbito desejo da maternidade. Mas o certo é que até à data nunca quis ser mãe. Mesmo em criança as minhas Barbies adoptavam, os meus Nenucos eram adoptados, enfim… tenho uma fixação com esse tema.
Desculpem-me os mais queridos e amorosos (é desta que perco os leitores todos!) mas não aprecio criancças. Não é por mal, mas não tenho paciência. Não me delicio ao ver um bebé. Não os acho fofinhos, acho-os banais, iguais a tantas outras crituras. Sou incapaz de estar muito tempo rodeada de crianças, enlouqueço! E grávidas? Ai nossa senhora, não sei o que me dá que sempre que vejo uma grávida começo a sentir uns calores e uns enjoos. Desculpem-me as mães da blogosfera mas a mim faz-me uma impressão desgraçada a ideia de uma pessoa a crescer dentro de outra! Não, não acho que gerar vida na barriga seja mágico, lindo e emotivo. Acho mais arrepiante.


 E posto isto, perante a minha peremptória recusa em casar e ser mãe, eis que o João me diz muito chateado “Está bem. Não te compreendo, não percebo como podes não querer essas coisas mas tudo bem. Eu vou tê-las na mesma. Simplesmente não será contigo.”
WHAT?? Ok, agora atingiu-me e bem. Nunca me senti tão mal por ser mulher. Sinto que ter útero se tornou um peso, como se inerente estivesse a obrigação de lhe dar uso. E pior! Sinto que estou numa relação com prazo de validade.


 Ele não se ficou a sentir melhor. Perante as minhas lágrimas e o meu argumento de que “Tu não me amas!”, ele ficou sem reacção e hoje já ligou 4 vezes para saber como estou.


 E agora? Porque eu não lhe posso roubar os sonhos e ele não me pode impingir uma vida que não desejo.

14 comentários:

  1. Finalmente encontro uma pessoa como eu (em relação às crianças)!!!
    És como eu, não tenho paciência para elas! Até gosto delas, mas não as suporto! Estar uma horinha com elas, tudo bem, agora mais que isso e ainda para mais se for sozinha, esquece, não dá!
    As birras, o choro, os gritos... BAH! Não suporto! Não digo que nunca vou ter e que não quero te filhos, neste momento não quero, mas talvez daqui a uns aninhos queira!

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  2. Ai M, que alivio por me compreenderes! Já estou á espera de comentários a recriminarem-me e a chamarem-me egoista por não querer dar uso ao útero, mas vá lá que tu me compreendes. Acho a Família (sempre e quando seja equilibrada e pacifica) um conceito bonito. Simplesmente, não o quero para mim.

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  3. Eu quando comecei a ler isto, pensei em escrever tanta coisa, que agora não me sai nada de jeito. Quando ao casamento, partilho da mesma opinião que tu, acho praticamente ridículo os gastos que se fazem. A união de duas pessoas é a partir do momento em que ambas estão dispostas a partilhar a vida uma com a outra, não é um papel que torna isso real. Quanto a filhos, eu sempre quis ter filhos, mas compreendo perfeitamente a tua opinião, há pessoas que apenas não querem, e isso deve ser respeitado. É muito complicado, ele não te pode responsabilizar por lhe quereres 'roubar' os sonhos, mas também não o podes culpar por os querer realizar. Vão ter de conversar.. e o mais importante, aproveita cada dia. *

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  4. Também não pretendo dar uso ao corpo para gerar crianças mas já estou ciente que isso será um percalço e que perderei pessoas à custa disso. E tu deves mentalizar-te que o João não é uma opção para ti, porque não quer o mesmo que tu.

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  5. Pois, isso é um grande problema que têm em mãos.
    Mas a menos que ele queira casar e ter filhos já amanhã, essa zanga foi desnecessária. Por enquanto andem à medida um do outro e nem penses nessas coisas, sabes porque?
    Porque se calhar, quando ele realmente quiser tudo isso, tu por alguma razão também vais querer. Ou então ele entra na tua onda e deixa de querer, nunca se sabe.
    Mas por agora, sem stress!

    Quanto aos bebés, epá... são a melhor coisa do mundo para mim, acho que devias dar-lhes uma oportunidade :p

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  6. Não quero casar, mas gostava de ter filhos, dou-me muito bem com crianças e imagino-me perfeitamente a ser mãe numa família numerosa! Daqui a uns (muitos) anos! Mas percebo que há quem não preveja assim a sua vida. É uma situação delicada, e falar a quente ainda complica mais. De qualquer maneira esse é um assunto que vão ter de por em pratos limpos mais cedo ou mais tarde para poderem tomar uma decisão! Boa sorte!:)

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  7. rm e Kim: Thanks pelo conselho. Ambas têm razão. Vou-me tentar deixar levar. O tempo dirá como vai ser o desfecho deste amor. Sobretudo tu Kim, disseste algo acertado... as pessoas mudam! ;)

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  8. Ahah, namorado só chinês e eunuco.

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  9. Guess: um eunuco garantia que as minhas chatisses terminavam mas depois acabavam-se-me os prazeres!

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  10. Exactamente, mudam principalmente se for pela sua felicidade :)*

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  11. Se ele te obrigasse a casar e a ter filhos, acabavas a relação?

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  12. duality: obrigar?? acabava sim! Porque ninguém deve obrigar outro a nada, isso ja é muita falta de respeito. Pelo menos a mim não me passa pela cabeça obriga-lo a não ser pai. Amo o meu namorado e estou com ele enquanto der. Quando os nossos objectivos se tornarem imperativos, teremos que ponderar e talvez cada um seguir o seu caminho.

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  13. Se ele quiser ficar contigo não é o que lhe estás a fazer? Obrigá-lo a não ser casado ou a não ter filhos?
    Só estou a referir isto porque não é por ele ter dito o "simplesmente não será contigo" que ele não te ame.
    Mas por esta altura já deves ter percebido isso, por isso nevermind :)

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  14. Duality: Obrigada por me fazeres ponderar ;)
    Percebo o que dizes mas é justamente por isso que acho que esta relação tem prazo de validade. Porque nenhum de nós pode fazer os seus sonhos prevalecerem sobre os da outra pessoa. Por isso entendo que ele sinta uma certa necessidade que eu não quero satisfazer.

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