sexta-feira, 23 de março de 2012

Post tardio mas sempre a tempo

"Há pais que morrem em vida, devagarinho. Serão, entre todos, os mais dolorosamente ausentes. Acompanham a vida dos filhos, desde sempre. Mas desconhecem-nos. Demitem-se de lhes ler o coração ou de se colocar, por instantes que seja, no lugar deles. Imaginam valer pelos bens que transmitem e nunca pelos sonhos que conquistam (esquecendo que os pais mostram um caminho sempre que o percorrem, nunca se o indicam). Mas morrem um bocadinho se não abraçam. Morrem quando não brincam. Morrem sempre que decepcionam. E são tantas as decepções que os seus gestos acumulam que, quando morrem de facto, os filhos atestam um óbito (mais que desmoronam num choque). E, ao morrerem, deixam a pior de todas as saudades: a saudade pelo que não se viveu. Não são pais pelos gestos que dão mas por tudo o que os filhos desejavam que dessem."

Eduardo Sá


Posto isto, nada mais tenho a acrescentar.
A frase “Imaginam valer pelos bens que transmitem e nunca pelos sonhos que conquistam”, descreve bem o tipo de progenitor que tive.
Tive… não tenho mais. Porque cresci e percebi que só mantemos na nossa vida quem nos ilumina a alma, não quem, por um acaso, tem em comum connosco, única e exclusivamente, o ADN.
Acredito que existem parentes e família. Convém não esquecer da diferença entre ambas categorias.
Se é triste ter um pai que morre em vida? É. Mas mais triste é fingir uma relação inexistente. Quem quer estar na nossa vida, demonstra-o. Senão, cabe-nos a nós fazer a limpeza do nosso espaço e colocar o lixo dali para fora.

5 comentários:

  1. se ele não te trata como a filha, estas no teu direito de não o tratar como um pai!

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  2. Tens toda a razão em cortar relações com ele, mas dizeres que ele morreu em vida não morreu... não morreu porque tu pensas nele, tu dás-lhe importância mesmo que seja pelos piores motivos, daí que por várias vezes ele seja assunto no teu blog. Acho que, mais do que uma revolta contra ele, sentes revolta contra a ausência dele, porque querias ter um pai na verdadeira acepção da palavra, e ele falhou contigo.
    Pelo que vejo no teu blog, estás longe de ser alguém que merece isso, mas o que vale é que tens muitas coisas boas na tua vida que podem compensar :)
    Beijinhos *

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  3. Também prefiro cortar os laços a fingir um amor que não existe.

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  4. O problema da família é esse mesmo, infelizmente não se escolhe. Mas tu és uma menina forte, concentra.te nos que gostam muito de ti, e mal ou bem tenta ser feliz e retirar o melhor que possas de qualquer situação.

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  5. Poison: Tens razão. Por mais que me critiquem, quem quer respeito, dá-se ao respeito.

    Kim: Acredita que já não me afecta. Antes sim, custava-me, achava triste. Hoje em dia não, cresci. Tenho consciencia que a presença dele não me faz falta, já estou mais do que criada. Se ainda falo nele é porque anda constantemente a chatear-me. Anda sempre a arranjar conflictos, a perseguir-nos, a arranjar maneiras de nos prejudicar. É nojento! Se ele avançasse na vida e se esquecesse que existimos, as coisas seriam melhores e mais pacíficas. Não podemos obrigar ninguém a ter um papel que não quer. Resta-me aceitar. A fase da revolta foi na adolescencia. Actualmente estou tranquila em relação a essa fase da minha vida.

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