sábado, 23 de fevereiro de 2013

Fim




Há mais de 2 meses que estou solteira. Se no início foi tudo repentino e achei que voltaríamos, que mais uma vez isto de resolveria, enganei-me e hoje consigo ver isso claramente.
Passei um mês horrível, a chorar compulsivamente de manhã à noite, sem comer, sem viver. Entretanto, com o apoio de muitos e bons amigos, o carinho de quem me estendeu a mão e a descoberta do Reiki e da paz interior, comecei a erguer-me, a dar pequenos passos até ficar firme. Comecei a deixar fluir, a não me afligir com esta situação, esta perda repentina de um amor. Mas eis que voltou a tempestade e o João tentou-me. Andou a semana toda a ligar-me a tocar no assunto da reconciliação. E eu, que pensava estar segura, cai. Fiquei com dúvidas, esperanças. E quis falar, resolver, na espectativa que ele muda-se da água para o vinho e o futuro se redesenhasse luminoso. Mas nada disso. Veio com a típica arrogância, cheio de exigências e pretensões, queria recomeçar sem falar do passado, recomeçar do zero, sem reconhecer erros, sem se dialogar e analisar o que deveríamos evitar. Queria recomeçar num estalar de dedos, num impulso amoroso. Lamento, mas não sou dessas. Pertenço aquele grupo de chatas que fala das coisas 50 vezes mas resolve, encara o problema de frente e reconhece e exuma-o. Sou assim. Não fujo.
E eis que o amor do João por mim é tão grande e, como ele diz, sou a mulher da vida dele, ao ponto dele me demonstrar isso com mais arrogância. Desistiu. Como quem se farta de um brinquedo. Perante a minha insistência em que as coisas fossem faladas e não encobertas, decidiu que eu era chata e pesada e assim não queria mais voltar. Põe e dispõe porque ele quer. E a culpa é dele? Ele é um infantil de 31 anos que me trata como um brinquedo? Não. A idiota sou eu que deixo, que atendo o telemóvel, que o deixo falar comigo a sós. A burra sou eu. E ontem abri os olhos.
Ontem fui sair a noite, divertir-me, arejar e vi-o num bar com o irmão. Com o irmão que tantas vezes o desprezou e dele se aproveitou, aquele irmão que o magoou ao ponto de o deixar a chorar no meu ombro (a única vez em 2 anos que o vi chorar, inclusive), aquele irmão que sempre o pisou e gozou, o irmão que o João jurou de afastaria para seu próprio bem e auto-estima. E ali estavam, a beber, a rir, unidos. E percebi finalmente que não pertenço aquilo. Não posso ter um homem que só tem arrogância e amor próprio comigo e que para os do seu sangue é um capacho. Não posso estar com alguém que está constantemente a ser comandado por terceiros, que se deixa pisar, fica furioso mas que no dia seguinte já é o filhinho querido e carente.
Fui vista pela família inteira como a ordinária que tentou destruir a unidade familiar. E para quê? Enxuguei lágrimas, incentivei a sair do país, esperei 5 meses enquanto ele foi tentar a sua sorte noutro país, sofri perseguições daquela família doida e, no fim… eu fiquei sozinha em lágrimas e ele voltou para a família unida e triunfante.
Se até ontem me sentia a pessoa mais injustiçada de sempre, hoje passou. Claro que foi uma injustiça astronómica, tudo o que passei foi ridículo, foi excessivo para acabar sem nada mas, ontem ao ver os dois irmãos unidos e felizes (falsa felicidade já que um está constantemente a tentar entalar o outro), percebi que era eu que estava ali a mais. Tentei dar vida e amor a quem não está apto a valorizar tais actos, a alguém que não cresce para lá das suas 4 paredes. Eles têm o seu sistema fechado e doentio e eu estava a mais.

3 comentários:

  1. O importante e que te sintas bem agora :)

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  2. A dor deve ser grande, mas tenho a certeza que algo melhor estará reservado para ti. A paz interior é para mim o mais importante que podemos alcançar e penso que estás no bom caminho! Beijinhos e se quiseres "conversar" um bocadinho estou sempre por aqui: single.tearblog@gmail.com

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  3. Ó raven, maravilhosa análise! Ainda bem que percebeste isto porque pelo que contas e pelo que conheço da vida, foi isso mesmo que aconteceu. Parabéna!

    Beijo!

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