segunda-feira, 24 de março de 2014

Jornada do Nino I



Lembram-se do Nino?
Pois é, este pequenote, após ser salvo por mim, ficou sem ter para onde ir. Voltar à rua estava fora de questão. Vir para minha casa igualmente, uma vez que a minha mãe detesta animais e o Eros não reage bem a ter de dividir o espaço. A Associação da qual faço parte é apenas para cães. E agora?
O João, como meu namorado na altura, decidiu acolher o Nino e prometeu-me que inclusive o adoptaria. Fiquei tão feliz! E realmente o Nino apegou-se a ele, eram felizes. O Nino inclusive já me ignorava a mim para ter olhinhos apenas para o João. Esperava-o ao lado da banheira, observava-o, ia busca-lo à porta, dormia com ele. Dava gosto ver!
Mas quando a nossa relação terminou, o João decidiu usar o pobre gatinho para me magoar e ameaçou que o daria à bruxa da irmã ou o poria directamente na rua. Fiquei desesperada! Pedi ajuda a todas as associações possíveis e imaginárias de Portugal. O Facebook foi a minha rotina durante dias. Até que, finalmente, o milagre aconteceu: uma Associação do norte ligou-me e ofereceu-se para cuidar dele, dando-me estadia a mim para que o acompanhasse. Parece mentira que ninguém do Alentejo ou, pelo menos Lisboa, se tenha chegado à frente, mas enfim. Bem digo eu que as pessoas do norte são as mais afáveis.
Com a ajuda de uma colega Reikiana que se emocionou com o percurso de vida do Nino, lá consegui o dinheiro necessário para esta viagem. E no dia 17 de Fevereiro, curiosamente Dia Internacional do Gato, lá fomos nós nesta incrível jornada em busca do final feliz do pequeno gatinho.
Aqui vos mostro uma “foto reportagem” desta aventura.

A primeira e única noite cá em casa, fechado no wc, com o Eros a rosnar e bufar lá fora:


 As 9h de autocarro, onde nem um miau se ouviu deste anjinho bem comportado:




 A chegada à casa da M., presidente da Associação que prestou ajuda ao Nino. Indescritível a hospitalidade e carinho com que nos acolheu.





A despedida. Lá seguiu o Herói com a sua nova dona.
 

Era suposto eu ter chegado dia 17, segunda-feira, ao Norte e ter vindo embora logo na quarta-feira. Mas a verdade é que quando parti do Alentejo, não havia nenhum adoptante em vista e o Nino ficaria fechado numa sala ou em FAT, por tempo indeterminado. Na terça-feira, quando o deixei no veterinário e o vi sozinho, todo encolhido dentro daquela box, a urinar-se dos nervos, deu-me uma coisinha má. Abracei-o e comecei a chorar descontroladamente. Nem conseguia falar.
A M., presidente da Associação e um ser humano raro, convidou-me a ficar em sua casa o resto da semana, até sexta, sábado, domingo, como eu quisesse para poder acompanhar mais uns dias o pequenote. Aceitei logo!
Coincidentemente, na quarta-feira liga-me uma rapariga do Porto que queria adoptar o Nino. Entrevistei-a, gostei dela, muito faladora, pareceu-me gentil e preocupada com os animais. E assim ficou tudo acertado, o gato Alentejano passaria a viver no Porto!
Lá me despedi do pequenote, de coração pequenino, nervos agudos mas com a certeza que que seria feliz. Ia até ter 2 manos felinos.
Desde então, tenho falado regularmente com a adoptante e sei que ele é feliz, surpreendente até pelo novo carácter. Eu tinha receio dele ter 2 manos gatos, uma vez que nunca o tínhamos visto a conviver com os da sua espécie. Mas parece que ele se adaptou bem e até demais, pois bate nos outros e quer mandar lá em casa.
Para mim será sempre o protagonista duma jornada inesquecível e de grande valor espiritual. Foi o Nino que me ajudou a superar o fim da minha relação, me mostrou a falta de carácter da pessoa que estava á 3 anos do meu lado, me mostrou que sou capaz de fazer mais e melhor pois nunca na vida me esforcei tanto por ninguém como pelo Nino, nesta viagem relembrou-me o tipo de pessoa que eu costumava ser e quero ser.
Nunca te esquecerei, gato Nino! Fico com a certeza que és um guia espiritual, um Mestre encarnado assim para me ensinar muito. Nunca ninguém puxou tanto pelo melhor que há em mim.

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