quarta-feira, 18 de março de 2015

Conselhos & Criticas & Dúvidas

Actualmente, viver é uma armadilha. Uma dualidade sem fim, infernal.
Vemos aquelas reportagens sobre sem-abrigos e sentimo-nos na obrigação de sermos muito, muito felizes e gratos com o que temos. Mas há também os life coach que te explicam que se ganhas mil€ e querer dois mil€, é possível, deves fazer por isso e só a disciplina e os objectivos de ser mais e melhor comandam a vida.
Eu estou num limbo. Sei que tenho muita sorte, sempre tive. Sempre saí de um emprego para outro. A minha procura mais longa por um emprego foram 2 meses e foi um caso isolado, regra geral em 2 semanas consigo trabalho. Sempre foi assim e que a minha estrelinha se mantenha reluzente, sem falhar. Mas devo apenas ser grata? Desde que abandonei a Universidade em 2011 que nunca mais senti necessidade de realização profissional. Comecei a trabalhar aos 20 anos, ainda estudava e fui  trabalhando no que surgia. Estive 3 anos num posto de turismo, mais 3 numa fundação cultural a vender jóias, vinhos e livros, uns meses em Madrid como empregada doméstica, call center, agora empregada de mesa… Mas a verdade é que já desde a época do call center (e adorava trabalhar lá, o ambiente, tudo era agradável) que sinto um vazio, uma necessidade de algo mais, de me sentir desafiada, “aproveitada”.
Tomei a decisão de me despedir em agosto e ir estudar há 2 dias e muitas criticas e opiniões surgiram de familiares e amigos. Bom, na verdade toda a família me apoia menos o meu pai que acha que deveria agradecer por este emprego na hotelaria que me paga bem, é estável, tem futuro e a chefe me adora. Nos amigos, as teorias divergem. Há os que me dizem “finalmente vais tomar um rumo na tua valorização, sempre acreditamos que serias mais, revolta-nos estares a desaproveitar esse cérebro” e há quem diga “uma licenciatura hoje em dia é uma perda de dinheiro, o mercado de trabalho não está para graças e, ou tiras uma engenharia informática, algo que realmente seja bom, ou mais vale estares quieta”.
Começo a ter um sentimento de culpa e ansiedade. O que fariam?

6 comentários:

  1. Eu sou da opinião que deves sempre fazer esse curso que queres!

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  2. Eu não posso dizer o que faria, porque somos pessoas muito diferentes e porque este tipo de decisões é demasiado importante para ser tomado por influência dos conselhos de quem quer que seja. O azar dos outros deve servir-nos para ter uma noção de como é que está a vida, nas costas dos outros vemos, parcialmente, as nossas. Mas nunca nos devemos sentir culpados. Tens culpa do azar das outras pessoas? Fizeste alguma coisa para colocar o país neste estado vergonhoso? Tens alguma forma de dar emprego a toda a gente que tem tido azar nesse campo? Se a resposta for não, não te sintas culpada por teres sorte. Hoje em dia parece que se tivermos casa e emprego temos a obrigação de ser felizes, mas a vida não é assim tão linear. Mesmo quando temos saúde e dinheiro ao fim do mês temos mil e um outros motivos para nos sentirmos bem ou mal com a nossa vida. Doi-me no coração ouvir tanta gente dizer a quem ganha o ordenado mínimo em empregos terríveis que deviam estar gratos porque há gente desempregada. Não é assim. Nós temos ambições, sonhos e necessidades. Se não gostamos das tarefas que fazemos dificilmente seremos felizes, se estamos completamente sozinhos dificilmente vamos ser felizes, se temos um trabalho onde o ambiente é terrível e apesar do ordenado estamos constamente a ser humilhados dificilmente vamos ser felizes, se até gostamos do trabalho mas só ganhamos 500 euros, dificilmente vamos ser felizes pq uma pessoa sozinha não se sustenta bem apenas com esse valor. E por aí fora. Não sei se a relação recompensa-risco compensa, isso só tu é que podes saber, mediante uma série de factores da tua vida, mas sei que não deves nem podes sentir-te culpada pela desgraça dos outros. Não resolve nada, não é culpa tua e é exactamente a mentalidade nojentinha que estão a tentar implementar na sociedade e que impede que as pessoas procurem a felicidade só porque x tem uma vida pior.

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  3. Mais que a valorização profissional está a valorização pessoal...
    Se vais estudar a pensar que arranjavas logo trabalho estavel na área esquece, se vais porque gostas, porque TU precisas disso e porque não?

    O resto já sabes, nada será fácil, nada te será dado mas nunca foi, foi o teu caracter, a tua vontade que te fez avançar...
    Um dia talvez não possas arriscar um emprego, hoje podes, podes fazer o que desejas..

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  4. Compreendo perfeitamente essa tua necessidade de "querer mais". Pessoalmente, também eu deixei um emprego bom e estável para seguir uma carreira sem grande estabilidade e sem garantias nenhumas. Sinto-me realizada, faço o que gosto. Não recebo tão bem quanto recebia mas sinto-me muito mais feliz. Gosto de acordar para ir trabalhar e o que faço não me angustia, desafia-me. Faz o que que sentes ser melhor para ti :)

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  5. Olá...
    Olha, eu sou licenciado e não dou nada por perdido o tempo e dinheiro que gastei na licenciatura.
    A verdade é que apesar de trabalhar na minha área de formação acho que as minhas funções poderiam perfeitamente ser desempenhadas por uma pessoal com o 12º ano, e se ainda cá estou não é devido à licenciatura, mas sim devido à minha personalidade e capacidade de lidar com as situações que aqui aparecem. Eu acho que a Licenciatura é uma mais valia pela experiencia que me proporcionou, porque me ensinou a pensar de uma forma mais abrangente, e sobretudo porque me fez perder a mentalidade de rapaz da terrinha...

    Eu sempre trabalhei para pagar os meus estudos, e por isso o estudo acabou por ficar em segundo plano algumas vezes, mas nunca ficou esquecido, e sempre tive a sorte de ter trabalhos que me permitissem subsistir numa cidade cara e pagar as propinas...
    Quanto à outra parte, a de ir às aulas, era conforme o trabalho da altura, nalguns podia ir a quase todas as aulas, noutros não.
    A realização profissional nalguns tinha mais, noutros tinha menos, mas sempre soube que não era aquilo que queria da minha vida, com excepção de um dos sitios onde trabalhei, onde tinha um ambiente excelente, o trabalho era super gratificante, ganhava apenas o suficiente para subsistir, mas ainda assim era suficiente, mas o director geral da empresa era uma besta, e eu sabia que mais cedo ou mais tarde a empresa ia pagar isso (e infelizmente foi logo ao fim de 3 meses de eu ter saido), sai de lá para onde estou hoje.
    Apesar de ter dias maus, hoje sinto essa realização, também tenho alguma estabilidade e um salário que me permite alguns luxos. Só cá entrei porque era licenciado (mas que reforço a meu ver não é necessário um licenciado para esta funçao...), por isso a licenciatura é que me abriu esta porta...

    Para alem disso o conhecimento não ocupa lugar, e tu és uma pessoa muito aberta intelectualmente, acho que tu é que tens que decidir, mas eu no teu lugar fazia-me à vida... A sorte protege os audazes..

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  6. Sabes bem qual a minha opinião. Um curso superior não é dinheiro em vão. Dar-te-á sempre mais oportunidades, mesmo que não te dê garantias. Quanto ao curso, deves ter em conta o factor empregabilidade, claro... mas a realização pessoal vai contar mais no final. Investe em algo que te faça sentir que o esforço vale a pena, caso contrário vais desmotivar! E por fim nunca é tarde p'ra investires em ti e aumentares os teus conhecimentos, mas quanto mais cedo o fizeres mais cedo vais poder usufruir de todo o bem que isso te trará! A faculdade não nos ensina apenas conteúdos da área que escolhemos. Dá-nos a possibilidade de crescer muito, muito mais!

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