quinta-feira, 30 de julho de 2015

1, 2, 3... Acção!

E hoje terminei as gravações.
Foi tudo tão estranho... divertido e engraçado, uma experiência gira mas estranha. Não sei ao certo o que esperava encontrar, penso que imaginei algo mais rígido, um director aos gritos, uma encenadora maluca e muitos "COOOOOORTA! DE NOVO!". Eu ia em branco, uma tábua rasa. O primeiro dia, olhei tudo com curiosidade, fiz algumas perguntas. Assim que a encenadora quis treinar as minhas falas comigo é que se deu o choque: tinha brancas constantemente, esquecia-me das falas a meio! Além de que não conseguia mostrar emoção, ou então mostrava em demasia, ou bracejava muito ou olhava para a câmara directamente e não podia... um stress! Só queria desistir. E sentia vergonha de treinar as falas ali, no meio do corredor, com outros a passar. Já sei que estávamos todos ali para o mesmo mas eu nunca fiz teatro nem a brincar e não gosto de falar em público, logo para mim estava a ser muito complicado. E só me falavam em projeção de voz, que tinha de me fazer ouvir e eu sentia-me ridícula.
Por sorte, uma colega atriz mesmo, da área, formada, foi comigo para um canto isolado e treinou a linguagem corporal comigo, explicou-me as entoações, deu-me dicas. Ajudou bastante.
O que não me ajudou nada foi eu ser a primeira cena de todas. Vi-me ali, rodeada de estranhos, gente que não conheço de lado nenhum, uns amadores, outros profissionais, todos de olhos postos em mim e eu a ter de falar, dizer a minha longa fala logo de estalo, como abertura oficial dos trabalhos do dia. Sentia-me avaliada, julgada, ainda que possivelmente ninguém o estivesse a fazer.
Fiquei com a garganta seca, gaguejei, os meus olhos saltavam entre um e outro, nervosa e... surpresa! Fui a que menos vezes repetiu a cena! De todos. Até fiquei pasmada. Perguntei várias vezes ao director, fui chata até, se ele não estaria a ser benevolente comigo, se realmente a cena tinha ficado assim tão boa em tão pouco tempo, se não tinha "comido" palavras, se não tinha ficado com sotaque, se não tinha dito tudo de forma rápida e parva. Mas ele insistia que não, que eu estar toda a tremer de nervos tinha até sido bom, pois parecia que estava em pânico a relatar a minha violação e era isso que se pretendia, ainda que o meu pânico real fosse outro.
Resumindo: a minha breve carreira de actriz chegou então ao fim. Foi uma experiência curiosa mas apenas isso. Não me veria nunca a trabalhar na área e muito menos num palco.
Agora é torcer para que o raio do filme ganhe algum prémio!

Eu (à esquerda) com a actriz que me ajudou. O ar de simplórias deve-se às personagens, ambas internadas numa clínica psiquiátrica após episódios traumáticos

1 comentário:

  1. Miss Raven, experiências fora da zona de conforto são sempre fantásticas!

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